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Rendez-vous cultural

Filme sobre portuguesas que crise levou ao Brasil compete em Biarritz

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"A Cidade Onde Envelheço", da diretora mineira Marilia Rocha, concorre na categoria dos longas. Com humor delicado, o filme fala dos sentimentos em relação à terra natal de duas jovens portuguesas que se reencontram em Minas Gerais.

Cena de  "A Cidade Onde Envelheço", da diretora mineira Marilia Barbosa
Cena de "A Cidade Onde Envelheço", da diretora mineira Marilia Barbosa ulgação
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Enviada especial a Biarritz,

Duas amigas lisboetas que não se viam há muito tempo se reencontram em Minas Gerais. Uma delas, Francisca, mudou há um ano para Belo Horizonte; a outra,Teresa, decidiu retomar o contato e partir à sua procura. O ponto comum entre a vinda de ambas ao Brasil: a crise econômica em Portugal.

O convívio vai trazer sentimentos confusos de identidade e a busca pelo lugar “onde quero envelhecer”.  Em uma cena, Francisca, muito crítica, indaga à amiga: “Você se vê envelhecendo aqui?”

A inevitável comparação cultural entre manias e costumes de brasileiros e portugueses, que nos levam a dar boas risadas, “a saudade do mar, do sal”, como diz Francisca, além das personalidades opostas das jovens, resultam em um coquetel explosivo e cativante.

Os atores, amadores e profissionais, esbanjam espontaneidade e dão ritmo à história que expõe com situações aparentemente sem importância, o conflito interno dos expatriados. Um exemplo é a cena das duas amigas visitando um apartamento para alugar - Francisca não se conforma com o retoque mal feito dos azulejos do banheiro, reclamando que os brasileiros não se importam em fazer um bom acabamento. Já Teresa, recém-chegada, tenta entender porque colocaram alguns azulejos brancos se todo o banheiro era azulejo em azul.

Do documentário à ficção

Ana Siqueira, diretora assistente do filme A Cidade Onde Envelheço, em competição no 25° Festival América Latina de Biarritz
Ana Siqueira, diretora assistente do filme A Cidade Onde Envelheço, em competição no 25° Festival América Latina de Biarritz LC

Antes de dirigir seu primeiro longa, Marilia Rocha realizou três documentários: A falta que me faz (2009); Acáci (2008) e Aboio (2005).

Sua irmã Ana Siqueira (na foto, à esq.), diretora assistente do filme e presente em Biarritz, conta que a ideia surgiu do fato real da chegada de moças portuguesas a Minas Gerais, e particularmente de Francisca, que inspirou a história e  interpreta o seu próprio papel, sem nunca ter sido atriz profissional.

“Marilia se interessou por essas portuguesas que chegaram em Belo Horizonte, houve um olhar bem documental dessa situação bem particular dessas meninas dentro de um movimento maior que á crise em Portugal e a relação com o Brasil”, diz Ana Siqueira, lembrando que o exílio, nesse caso, não foi totalmente escolhido e elas acabaram voltando para o país que foi colonizado. “A relação entre Portugal e Brasil é forte e também, ambígua’, reflete.

Brasil hoje tem uma produção rica

Ana considera que o Brasil vive um momento muito rico, a produção aumentou muito com filmes sendo feitos “com várias tintas diferentes, várias perspectivas, um momento que a gente está com medo de perder porque viemos de uma política cultural que ajudou muito a possibilitar esse contexto tão em ebulição”, constata, enquanto observo a frase escrita na sua camiseta: "Cinema contra o golpe".

 

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