Cidade de Amatrice quer processar Charlie Hebdo por charges de terremoto

A prefeitura de Amatrice, a cidade italiana mais afetada pelo devastador terremoto do dia 24 de agosto, acusou nesta segunda-feira (12), o jornal satírico francês Charlie Hebdo de “difamação”, por causa de charges retratando vítimas dos tremores que mataram quase 300 pessoas na região.

Charlie Hebdo responde à críticas com desenho. Charlie Hebdo.

“Macabro, insensato e inconcebível ultraje às vítimas de um desastre natural”, afirmou a respeito o advogado da prefeitura, Mario Cicchetti, à imprensa local.

Poucos dias depois dos tremores que mataram 295 pessoas na região central da Itália, Charlie Hebdo publicou uma caricatura de Félix, com o título “Terremoto à italiana", parodiando as vítimas com pratos típicos do país, incluindo a lasanha, representada por camadas de pessoas esmagadas entre camadas de prédios desabados.

"Imagens são ofensivas", diz advogado

“Essas imagens ofendem a memória de todas as vítimas do terremoto, os sobreviventes e a cidade de Amatrice”, acrescentou o advogado, que avalia que houve delito de “difamação agravada” e que não se pode considerar a circunstância atenuante do direito à crítica ou à sátira.

A indignação às imagens aumentou nos últimos dias, principalmente nas redes sociais e nos meios de comunicação na Itália. “Esses desenhos são um asco”, declarou o ministro italiano da Justiça, Andrea Orlando.

Jornal responde críticas com desenho

Uma das cartunistas de Charlie Hebdo, Coco, respondeu às críticas com uma caricatura de uma mulher coberta de escombros e que grita: “Isto não é culpa de Charlie Hebdo, mas de quem construiu as casas, a máfia!”.

A denúncia apresentada ante a promotoria de Rieti (centro) pede que a justiça determine se os chargistas Felix e Coco e a direção da revista cometeram ou não um delito.

O semanário francês foi local de um sangrento ataque terrorista em fevereiro de 2015, quando dois jihadistas invadiram a sede de Charlie Hebdo e fuzilaram doze pessoas, incluindo vários desenhistas.