Para Vargas Llosa, vitória de Keiko Fujimori no Peru seria “catástrofe”
De passagem por Paris, Mario Vargas Llosa, prêmio Nobel de Literatura, falou com exclusividade à RFI a respeito das eleições presidenciais no Peru, domingo. Ele também negou ter conhecimento de uma empresa offshore em seu nome, citada no escândalo Panama Papers.
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As pesquisas de opinião indicam que a filha do ex-presidente Alberto Fujimori pode alcançar 34% dos votos no pleito presidencial de domingo. O pai cumpre atualmente pena de prisão por corrupção e crimes contra a humanidade. Vargas Llosa garantiu que vai votar em Pedro Pablo Kuczynski, de centro-direita.
“Uma vitória de Keiko Fujimori seria uma catástrofe”, declarou o escritor, de maneira enfática. “Seria reivindicar uma das ditaduras mais sanguinárias e sobretudo corrompidas que o país já teve. Creio que há um setor da população que sonha com a volta de um homem forte. Mas estou certo de que ela será derrotada no segundo turno, seja quem for o adversário”.
Autor peruano tem obra reunida em coleção francesa de prestígio
O prêmio Nobel esteve em Paris para o lançamento de seu último romance, “Cinco Esquinas”, ambientada justamente durante a ditadura de Fujimori. Outros oito livros do autor peruano aparecem também La Pléiade, da editora Gallimard, que reúne os mais importantes autores da literatura universal. Vargas Llosa é um dos raros escritores, e único estrangeiro, a receber a honra ainda em vida.
“Quase desmaiei de emoção quando soube”, declarou o escritor no auditório do Instituto Cervantes, de Paris, nesta quinta-feira (7), falando a respeito de sua inclusão na coleção francesa. Ele disse ainda que Lima foi uma fonte de inspiração e expressou apego por Paris, onde viveu na juventude.
“Gosto muito da França, devo muito a ela. Quando jovem, eu tinha a ideia de que uma pessoa que quisesse se tornar escritor tinha que vir a Paris. Pode parecer ingenuidade, mas se hoje sou um autor, em grande parte devo isso à França e a seus escritores”, declarou o Nobel.
“Nunca coloquei um dólar nessa empresa”, diz Vargas Llosa sobre conta offshore
Segundo o jornal digital espanhol El Confidencial, integrante do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICJI), que divulgou os documentos da Mossack Fonseca, Vargas Llosa e Patricia Llosa, da qual está em processo de divórcio, estão vinculados à empresa Talome Services Corp. A offshore estava registrada no paraíso fiscal das Ilhas Virgens, de 1° de setembro a 6 de outubro de 2016.
Questionado por jornalistas ainda no Instituto Cervantes a respeito do escândalo Panama Papers, o escritor declarou que não sabia da existência da conta. “Estou surpreso e desconheço essa conta aberta durante cinco semanas em meu nome e no de minha mulher”, declarou. “Nunca coloquei um dólar nessa empresa”, acrescentou Vargas Llosa.
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