Há cem anos, em 19 de dezembro de 2015, nascia Édith Giovanna Gassion, em Belleville, bairro operário de Paris, longe do glamour da cidade-luz. Filha de artistas, ela começou logo a cantar nas ruas, bistrôs e bares. Apelidada de “môme piaf”, algo como “passarinho”, por sua aparência frágil (1,47m de altura), ela acabou conhecida como Edith Piaf, a maior representante da chanson francesa de todos os tempos.
Nas telas, ela foi vivida por Marion Cotillard, que recebeu um Oscar por sua interpretação em “Piaf – Um Hino ao Amor” (2007). Mas no Brasil, quem a tornou popular foi Bibi Ferreira. Aos 93 anos, a grande dama do teatro brasileiro falou com exclusividade para a RFI Brasil sobre a peça “Piaf, a Vida de uma Estrela da Canção”, que ela estreou em 1983, a partir de uma obra da americana Pam Gens.
“Piaf vivia para amar os homens e cantar para o mundo”, diz Bibi
“Na época, pouca gente conhecia a Piaf, por isso eu fiz questão de que o título da peça fosse mais explicativo”, diz Bibi. Premiado, sucesso de crítica e público, o espetáculo atingiu um milhão de espectadores nos primeiros quatro anos.
“Sua vida era amar um homem e cantar para o mundo”, diz a atriz, cantora, produtora e diretora brasileira. “Tudo o que ela fazia era com sinceridade – na música e no amor”. Bibi conta que para se preparar passou muito tempo trancada em casa, ouvindo discos de Piaf dia e noite. “A transformação física foi a parte mais fácil, pois também sou uma mulher de pequeno porte”.
Com uma pronúncia em francês impecável, vestidinho preto, Bibi criou uma Piaf própria, iluminada, que também conquistava o público no gogó. Até hoje ela é capaz de cantar, afinadíssima, os grandes sucessos da diva francesa, apesar de no momento estar envolvida em um espetáculo em homenagem a outro grande mito: Frank Sinatra.
Piaf descobria talentos e incentivava carreiras
A jornalista, crítica musical e cineasta francesa Dominique Dreyfus destaca o faro de Piaf em descobrir talentos, como foram os casos de Yves Montand, Georges Moustaki e Charles Aznavour, só para ficar em alguns exemplos. “Aliás, ela não só descobria, como incentiva a carreira dessas pessoas. Elas também passam por sua cama, com a ressalva de Aznavour, que jura de pés juntos que nunca foi amante de Piaf”, conta Dominique.
Edith Piaf viveu a música e seus amores sem concessões, com excessos de todos os tipos. Morreu aos 47 anos e seu túmulo é um dos mais visitados do cemitério Père Lachaise, em Paris.
Uma de suas canções mais famosas que ela cantou e compôs é "La Vie en Rose", com inúmeras versões, entre elas de Louis Armstrong ou Grace Jones. Recentemente, Madonna cantou a música num concerto em Estocolmo, em homenagem às vítimas em Paris.
Veja abaixo um vídeo raro, com Piaf em cena:
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