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Espanha/Música

Corpo de Paco de Lucía é velado no Auditório Nacional de Madri

O corpo de Paco de Lucía começou a ser velado no início da tarde desta sexta-feira (28) no Auditório Nacional de Madri, depois de ser transportado de Cancún, no México, onde o gênio do violão flamenco morreu na última quarta-feira. Na tarde de sábado, ele será enterrado em Algeciras, na Andaluzia, cidade onde ele nasceu com o nome Francisco Sánchez Gomes.

O virtuose do violão flamenco Paco de Lucía em ação
O virtuose do violão flamenco Paco de Lucía em ação © Reuters
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A viúva Casilda e um de seus três filhos vieram no mesmo voo comercial que trouxe o caixão, de acordo com o cônsul honorário da Espanha em Cancun, Javier Marañon. O fato de o governo espanhol não designar um avião oficial para o transporte de um dos maiores músicos de sua história revoltou alguns dos fãs, que vaiaram autoridades que foram prestar suas homenagens.

Antes mesmo de o caixão chegar ao Auditório, por volta das 13h30, milhares de pessoas faziam fila ao redor do prédio para se despedir do violonista. De acordo com o jornal espanhol El País, o caixão chegou ao local acompanhado de uma comitiva de dez carros pretos, que traziam amigos íntimos e familiares, como seu irmão e também guitarrista Pepe, além da cantora Malú, sua sobrinha.

Paco de Lucía teve um infarto enquanto jogava futebol com seu filho de oito anos em uma praia de Xcaret, próximo da estação balneária de Playa del Carmen, no leste do México, onde ele tinha uma casa. O violonista tinha 66 anos.

Repercussão no Brasil
Djavan, fã declarado da música flamenca postou uma homenagem a de Lucía em sua página no Facebook: "Paco foi o mais brilhante instrumentista que eu conheci", escreveu o cantor, compositor e instrumentista alagoano. "A perfeição e expressividade de sua execução eram inimagináveis mesmo para os grandes violonistas do mundo inteiro. A velocidade que ele imprimia ao tocar trazia uma limpidez incompatível para qualquer outro. Isso sem falar na beleza e originalidade de suas frases, no sentimento de cada nota".

Violonista de raro talento, Djavan se curva diante da precisão do gênio flamenco: "O violão em suas mãos transformava-se num instrumento fácil, intuitivo, apesar de toda a complexidade do seu canto. Paco sempre foi muito admirado pela técnica absurda que usava para expressar a delicadeza e a agressividade contidas na música flamenca, o que fez dele um músico inesquecível. Que Deus o ilumine"

Gilberto Gil, também via Facebook, postou um vídeo em preto e branco de Paco de Lucía tocando o clássico chorão de Zequinha de Abreu Tico Tico no Fubá nos estúdios da espanhola TVE.

Gênio precoce
A carreira do jovem prodígio começou aos 12 anos, tocando nas salas de flamenco de noite e levando o dinheiro para casa para ajudar os pais. Aos quinze, ele já colaborava em gravações de discos em Madri e aos 18 fez o primeiro disco. Seu percurso também é marcado pelo encontro com o fenômeno vocal flamenco Camaron de la Izla, com quem gravará dez discos.

Um dos elementos marcantes da carreira do intérprete foi a modernização do flamenco tradicional, associando o ritmo potente e apaixonado da sua música com o jazz. Inspirando-se em diversos estilos musicais, ele projetou o flamenco a uma dimensão única, que o instalou no patamar de mestre absoluto de sua arte. Em 2004, Paco recebeu o prêmio Principe das Asturias das Artes por ter ultrapassado as fronteiras e os estilos para se tornar um músico de dimensão universal.

Ele tocou com os maiores nomes do jazz e nos anos 80 fez uma parceria com John McLaughlin et Al di Meola para gravar o lendário "Friday Night em San Francisco".

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