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Rendez-vous cultural

Autor português e revistas brasileiras são destaques no Festival de Angoulême

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Mais de 200 mil pessoas participaram no último fim de semana do 41° Festival de Angoulême, o maior evento de Histórias em Quadrinhos do Mundo. Neste ano, um dos destaques foi o autor português Paulo Monteiro e as revistas brasileiras Café Espacial e Maria Magazine, indicadas para o prêmio de Melhor HQ Alternativa.  

O quadrinista Paulo Monteiro em sessão de autógrafos no Festival de Angoulême
O quadrinista Paulo Monteiro em sessão de autógrafos no Festival de Angoulême Taíssa Stivanin/RFI Brasil)
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Taíssa Stivanin, enviada especial a Angoulême

O autor português Paulo Monteiro lançou em Angoulême a versão francesa de seu premiado álbum "O Amor Infinito que te Tenho", pela editora Six Pieds sous Terre. "Todos os anos Angoulême é um encontro incrível de autores e editores e principalmente com o público", diz Paulo. "O trabalho de autor de Histórias em Quadrinhos é muito solitário, e esta é a ocasião, rara e importante, de conviver com as pessoas que lêem os livros, que no fim, é o que interessa", declarou Paulo.

Paulo Monteiro é o único autor de língua portuguesa que participa do Festival em 2014. Se em 2013 diversos quadrinistas brasileiros consagrados estiveram presentes em Angoulême, neste ano a ausência deles foi marcante. Para o desenhista brasileiro Eric Abillama, que vive na França e neste ano participou do Festival pela segunda vez, um dos motivos é que o Brasil está mais voltado para o mercado americano.

"No Brasil temos muitos comics, no estilo americano, que exportamos para fora. E agora temos uma grande influência dos mangás, além, claro, dos quadrinhos infantis. Há muitas tentativas de criar essa tradição do quadrinho quase como literatura", explica Eric.

Brasil tem duas revistas selecionadas para prêmio de Melhor HQ Alternativa

Mas mesmo pouco representado, o Brasil teve duas revistas selecionadas para o Prêmio das de HQ Alternativas : Maria Magazine, editada por Henrique Magalhães, e Café Espacial, de Sérgio Chavez, mas nenhum deles pôde vir à França para honrar a produção nacional.

"No Brasil tem um movimento grande de publicações alternativas, cada vez com maior qualidade. No entanto, as pessoas ainda não perceberam essa possibilidade de entrar no Festival de Angoulême e mandar sua publicação. É mais uma falta de informação, do que de qualidade de material que nós temos", diz Henrique. "Os brasileiros estão mais voltados para o mercado americano."

Esta não é primeira vez que os dois quadrinistas participam de Angoulême. A personagem Maria, criada por Henrique Magalhães, também é uma convidada assídua. A revista Maria Magazine, que também entrou na seleção de Melhor Revista Alternativa, também já recebeu indicações em anos anteriores.

Maria foi criada em 1975, quando Henrique ainda era adolescente. A tirinha foi publicada durante anos em diversos jornais da região onde ele mora, em João Pessoa, na Paraíba. Apesar de ser um personagem feminino, conta, é o alter-ego do autor. "Ela reflete minhas inquietações pessoais e a minha visão sobre a política e a vida no Brasil, é uma expressão da minha sensibilidade", explica.

O autor deixou de publicá-la há pouco tempo e agora se dedica à revista e à tradução da tirinha em outras línguas. "É um trabalho que continua alternativo e independente, e não tem uma repercussão de mercado", lembra.

Café Espacial, de Marília para o mundo

Sérgio Chavez, editor da Café Espacial, começou produzindo Fanzines em Marília, no interior de São Paulo, e logo a revista, lançada em 2007, se popularizou no Brasil e no exterior. Uma de suas características, explica o autor, é a linha editorial que mistura quadrinhos e outras artes, sempre na linha independente e não-lucrativa.

A revista hoje é publicada com 100 páginas, explica Sérgio. "Foi uma evolução em seu formato. Hoje conseguimos trabalhar com HQs, histórias mais aprofundadas, histórias maiores mesmo, de conteúdo", explica.

Autores de todo o Brasil, e até de Portugal e Argentina, integram o time de colaboradores. Esta já é a terceira vez que a revista integra a seleção do Festival. "É muita honra para nós. Só o fato de sermos selecionados em um Festival tão grande quanto o de Angoulême já é uma satisfação enorme. E poder representar o Brasil no exterior é uma motivação sem igual", diz.
 

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