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Cúpula Celac-UE confirma reaproximação das duas regiões, mas Rússia escapa de condenação por guerra

A terceira cúpula de dirigentes da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e da União Europeia (UE) terminou nesta terça-feira (18), em Bruxelas, com a publicação de uma declaração conjunta que demonstra preocupação com a guerra na Ucrânia, sem condenar a Rússia pela invasão do território ucraniano. 

O premiê espanhol Pedro Sanchez (à esquerda), o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, o presidente Lula e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em Bruxelas.
O premiê espanhol Pedro Sanchez (à esquerda), o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, o presidente Lula e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em Bruxelas. © Francois Walschaerts / AP
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Adriana Moysés, enviada especial da RFI a Bruxelas

No documento de dez páginas, os 60 líderes e representantes das duas regiões apenas "apoiam os esforços diplomáticos que visam a uma paz justa e sustentável, em conformidade com a Carta das Nações Unidas".

A Nicarágua bloqueou a negociação da declaração até o último minuto. Em conversa com jornalistas, no início da tarde, o presidente francês, Emmanuel Macron, disse que "todos os membros da Celac estavam alinhados, exceto a Nicarágua", que continua a apoiar Moscou.

Segundo Macron, alguns países da Otan tinham a expectativa de uma condenação mais incisiva contra a guerra iniciada pelo presidente russo, Vladimir Putin. Mas ele considerou que todos, à exceção da Nicarágua, reconhecem, hoje, "a natureza da guerra". 

A declaração sublinha que "a guerra causa imenso sofrimento humano e está exacerbando as fragilidades existentes na economia global, restringindo o crescimento, aumentando a inflação, interrompendo as cadeias de suprimentos, aumentando a insegurança energética e alimentar e elevando os riscos de instabilidade financeira". Por isso, reafirmam o compromisso com a Carta das Nações Unidas e com o Direito Internacional, incluindo a necessidade de respeitar a soberania, a independência política e a integridade territorial de todas as nações. Para concluir, reiteram que é essencial defender o direito internacional e o sistema multilateral que protege a paz e a estabilidade.

Apesar das divergências sobre o conflito, que ofuscaram boa parte dos debates, latino-americanos, caribenhos e europeus se comprometeram a reforçar o diálogo e trabalhar em conjunto para enfrentar a insegurança alimentar, a pobreza e as desigualdades. No primeiro dia da cúpula, a União Europeia anunciou investimentos de € 45 bilhões na América Latina, para projetos de transição energética, ambiental e digital.

Embargo cubano

Os 60 líderes das duas regiões pedem o fim do embargo econômico, comercial e financeiro contra Cuba. Sem citar os Estados Unidos, eles discordam do direito extraterritorial criado pelos norte-americanos, que impõe pesadas multas a terceiros que desrespeitam as sanções de Washington. Ainda dizem que terem reintegrado a ilha na lista de países terroristas prejudica as transações financeiras com Havana.

O presidente Lula considerou o encontro que não acontecia desde 2015, assim como as oito reuniões bilaterais que manteve com dirigentes das duas regiões, "extremamente produtivos".

Lula reuniu-se nesta terça-feira, pela primeira vez, com a primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen. Eles conversaram sobre meio ambiente, combate à desigualdade, e trocaram convites para visitar o Brasil e a Dinamarca. Frederiksen anunciou a intenção de contribuir para o Fundo Amazônia.

No programa semanal "Conversa com o presidente", gravado desta vez no prédio do Conselho Europeu, Lula disse que estava feliz com o carinho que as pessoas manifestam com a volta do Brasil às relações internacionais e acrescentou que "todo mundo está de olho na Amazônia", um patrimônio da humanidade.

Negociação sobre crise na Venezuela

Os chefes de Estado de Argentina, Brasil, Colômbia, França, a vice-presidente da Venezuela, e o chefe da diplomacia europeia publicaram uma declaração conjunta nesta terça-feira (18) incitando o governo venezuelano e a plataforma unitária da oposição a retomar o diálogo e as negociações, com o objetivo de chegarem a um acordo sobre as condições para a realização das eleições de 2024.

No documento, resultado de discussões ocorridas ontem entre Emmanuel Macron, Lula, Alberto Fernández, Gustavo Petro, Josep Borell, Delcy Rodríguez e o opositor Gerardo Blyde – à margem da cúpula –, eles fazem um apelo em prol de uma negociação política que leve "à organização de eleições justas para todos, transparentes e inclusivas" no ano que vem.

O grupo defende a participação "de todos que desejarem", em um contexto em que a Justiça eleitoral venezuelana tem inabilitado candidaturas de adversários de Nicolas Maduro.

O grupo afirma que esse processo de retomada de negociações entre oposição e governo deve ser acompanhado de uma suspensão das sanções aplicadas pelos Estados Unidos e a União Europeia contra o país andino.

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