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Instituto Raoni esclarece fala de cacique sobre Fundo Amazônia em Cannes

O Instituto Raoni reagiu às declarações atribuídas ao cacique Raoni durante sua passagem pelo sul da França na sexta-feira (19). Em entrevista às margens do Festival de Cinema de Cannes, o chefe indígena falou sobre diversos assuntos e fez comentários sobre o Fundo Amazônia nos quais, segundo seu tradutor, teria criticado a distribuição da ajuda internacional.

Cacique Raoni ao lado do líder indígena Bemoro, que faz a tradução de sua entrevista.
Cacique Raoni ao lado do líder indígena Bemoro, que faz a tradução de sua entrevista. © Anthony Ravera / RFI
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Durante uma entrevista filmada concedida à RFI, Raoni, acompanhado dos líderes indígenas WatatakaluTapi e Bemoro, falou sobre a proteção das florestas, o engajamento ambiental do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, e o Fundo Amazônia, dispositivo criado em 2008 com contribuições de vários países e gerenciado pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento). “O Fundo Amazônia, eu não sei para onde esse dinheiro foi”, disse Raoni, segundo Bemoro, que traduzia as repostas da língua mebêngôkre para o português. 

Em nota de esclarecimento divulgada nesta segunda-feira (22), o Instituto Raoni contesta essa versão das declarações. Segundo o texto, assinado por mais de 30 caciques, lideranças indígenas e professores, “a interpretação da fala do cacique Raoni foi "distorcida pelo tradutor e veiculada pela imprensa internacional como sendo verídica”.

Os signatários afirmam ter consultado professores indígenas bilíngues e especialistas na língua mebêngôkre para verificar a tradução. “A partir da análise da entrevista informamos que, infelizmente, o Cacique Raoni não foi interpretado de forma correta, pois em momento nenhum falou sobre Fundo Amazônia e sim dos países desenvolvidos que contribuem com a degradação do meio ambiente, investindo recursos financeiros para grandes empreendimentos no Brasil que afetam direta e indiretamente as terras indígenas”, aponta o texto.

Sobre a parte da entrevista na qual Raoni disse, ainda segundo o tradutor, que teria feito campanhas e que não teria recebido nada em troca, a nota explica que o líder indígena se referia a projetos realizados para levantar fundos em prol da demarcação de terras indígenas. “É sobre esse dinheiro que o cacique afirma não ter recebido e não tem conhecimento sobre o destino”, explica a nota.

A Instituto Raoni lamenta o que considera “uma situação desconfortável que envolveu o Cacique Raoni e o Fundo Amazônia”. A entidade diz reconhecer “os parceiros e apoiadores que fortalecem o nosso trabalho para proteger nossos territórios” e lembra que Fundo Kaiapó tem apoio principal do Fundo Amazônia.

Contactado pela RFI, Bemoro afirma que não houve erro de tradução, e garante que Raoni não estava se referindo ao Fundo Amazônia. “Ele está muito satisfeito com o Fundo Amazônia, porque o Fundo Amazônia está ajudando muita coisa”, disse o tradutor.

“Ele, cacique Raoni, nunca recebeu [dinheiro], mas a organização está recebendo esses recursos. O Instituto Raoni, Floresta Protegida, Kabu”, enumerou Bemoro. “Ele não criticou o Fundo Amazônia”, insistiu.

O cacique Raoni estava no Festival de Cinema de Cannes para o lançamento do filme “Raoni: uma amizade improvável”, do cineasta belga Jean-Pierre Dutilleux. Além do lançamento do filme, o líder indígena está na França para a nova campanha internacional organizada pela associação ambiental franco-brasileira Floresta Virgem, e faz um giro por sete países, de 11 de maio a 14 de junho.

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