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Início de Governo Lula é marcado por tensão de ruptura institucional e necessidade de anular bolsonarismo da caserna

Mesmo com as prisões de manifestantes extremistas, o governo está em alerta para possíveis novos atos golpistas em cidades brasileiras. A tensão põe em dúvida a permanência de ministro da Defesa, José Múcio.

Bandeira do Brasil vista a partir do STF, alvo de vandalismo por grupos bolsonaristas.
Bandeira do Brasil vista a partir do STF, alvo de vandalismo por grupos bolsonaristas. AFP - CARL DE SOUZA
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Raquel Miura, correspondente da RFI em Brasília

Prisões, afastamentos, repúdio em escala mundial. Mesmo com todas as reações que sucederam à quebradeira terrorista do domingo (8), o clima nos corredores de Brasília não arrefeceu e interlocutores do Planalto consideram que o momento exige habilidade política, postura firme e esforço conjunto de vários órgãos para afastar de vez os riscos de uma ruptura institucional.

Existem vários focos de tensão. Um deles são as Forças Armadas, que o governo Lula considera bolsonarista demais e que poderiam ter sido mais atuantes diante dos ataques. Tanto que cresceram as apostas de que o atual ministro da Defesa, José Múcio, poderia deixar o cargo. Além de ter minimizado a gravidade dos acampamentos em frente aos quartéis, há quem considere que hoje este posto careça de alguém com postura mais firme para conter o bolsonarismo das tropas.

Estratégia de vitimização

Outro foco vem das investigações e da necessidade de apontar logo os peixes graúdos que estão por trás da baderna golpista, sejam eles políticos ou empresários. A massa fanática que se alimenta de fake news é mais um nó dessa equação, que tenta passar a ideia de que são vítimas de prisões arbitrárias.

Vários vídeos publicados por bolsonaristas detidos após os ataques de domingo trazem queixas sobre a demora nas oitivas, o espaço apertado e a qualidade da comida servida no ginásio para onde foram levados. O governo local disse que se trata da mesma marmita distribuída nos restaurantes comunitários para pessoas carentes.

A postura dos brasileiros detidos após invadirem e destruírem as sedes do Executivo, Legislativo e Judiciário foi ironizada por muitos internautas. Uma das imagens mais compartilhadas foi a do ex-presidente Jair Bolsonaro segurando uma camiseta com os dizeres "Direitos Humanos: esterco da bandidagem".

Nessa terça-feira, quase 600 pessoas, especialmente idosos, mulheres com crianças e doentes foram liberados pela Polícia Federal. Outros 727 foram presos e devem ser enviados a presídios da capital federal.

“Nós temos que combater firmemente as pessoas antidemocráticas, as pessoas que queriam dar o golpe, que queriam regime de exceção. Não é possível conversar com essas pessoas de forma civilizada. Essas pessoas não são civilizadas. Não achem esses terroristas, que até domingo faziam baderna, crimes e agora reclamam que estão presos, querendo que a prisão seja uma colônia de férias, não achem eles que as instituições irão fraquejar. Dentro da legalidade, dentro da Constituição, as instituições irão punir todos os responsáveis”, afirmou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, relator do inquérito sobre os atos antidemocráticos.

Ele participou da cerimônia de posse do novo diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, que também comentou o momento de crise vivido pelo país. “As palavras de ódio se concretizaram em ações tangíveis, que ameaçaram o edifício do Estado Democrático de Direito. Felizmente, nossas instituições resistiram. Desinformação em massa, manipulação, ameaças e ações terroristas não intimidarão os órgãos responsáveis pela guarda da Constituição Federal e pela garantia do respeito à soberania popular", disse Rodrigues.

Risco de novos ataques violentos

Mesmo com as prisões, há sinal de alerta no governo federal de que outras cidades poderiam ser palco de manifestações extremistas nos próximos dias.

Alexandre de Moraes justificou o pedido de prisão do ex-secretário de Segurança do Distrito Federal e ex-ministro de Bolsonaro, Anderson Torres, e do ex-comandante da Polícia Militar, Fábio Augusto, afirmando que o comportamento dos dois é gravíssimo e pode colocar em risco, inclusive, a vida do Presidente da República, dos parlamentares e de magistrados.

Muitos avaliam que a depender do que sair dessas prisões, a situação de Jair Bolsonaro se torna mais ou menos delicada. Aliados dele não descartam um retorno do ex-presidente ao Brasil se aumentarem as pressões nos Estados Unidos para que ele seja mandado de volta.

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