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Lula decreta intervenção federal no DF e responsabiliza Bolsonaro e PM por atos terroristas

O governo federal assume a partir de agora a segurança pública do Distrito Federal após invasão de Planalto, Congresso e STF

O presidente Lula fez declaração condenando invasão do Palácio do Planalto, do Congresso e do STF por "fascistas fanáticos", neste domingo, 8 de janeiro de 2023.
O presidente Lula fez declaração condenando invasão do Palácio do Planalto, do Congresso e do STF por "fascistas fanáticos", neste domingo, 8 de janeiro de 2023. © AFT - EBC
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Raquel Miura, correspondente da RFI em Brasília

“É preciso que essas pessoas sejam punidas de forma exemplar, para que ninguém mais use a bandeira e a camisa da seleção se fingindo de nacionalista e faça o que essas pessoas fizeram hoje. Isso nunca tinha acontecido antes, nem no auge da luta armada”, disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao anunciar a intervenção federal no governo do Distrito Federal.

A área de segurança pública, que respondia ao governador Ibaneis Rocha (MDB), agora será comandada pelo interventor Ricardo Garcia Capelli, secretario executivo do Ministério da Justiça.

Lula disse que essas pessoas são “vândalos nazistas, fascistas fanáticos” e que ficou claro que a Polícia Militar não agiu como deveria. “Houve incompetência, má vontade ou má fé das pessoas que fazem a segurança pública do Distrito Federal. Não é a primeira vez. Vocês vêm nas imagens que eles estão guiando as pessoas à Praça dos Três Poderes. No dia da minha diplomação, vocês viram aquele quebra-quebra. Tacavam fogo em ônibus. Os policiais não faziam nada”, afirmou Lula de Araraquara, SP, onde foi para ver estragos causados pela chuva. O presidente disse que assim que voltar a Brasília, ainda neste domingo, irá verificar o que foi destruído na invasão de bolsonaristas.

Golpista faz fotos perto de uma janela quebrada do Palácio do Planalto, em Brasilia, em 8 de janeiro de 2023.
Golpista faz fotos perto de uma janela quebrada do Palácio do Planalto, em Brasilia, em 8 de janeiro de 2023. AP - Eraldo Peres

Responsabilidade de Jair Bolsonaro

Além da responsabilizar a segurança do Distrito Federal, Lula também colocou no colo de Jair Bolsonaro a responsabilidade pelos atos terroristas. “Esse genocida não só provocou isso, não só estimulou isso, como está estimulando ainda pelas redes sociais lá onde foi descansar. Na verdade ele fugiu para não me passar a faixa. É muito triste, depois da festa democrática do dia primeiro”, declarou Lula.

“Essa gente já estava em Brasília e essa gente teve medo de descer por causa da multidão que estava na posse. E aproveitaram o silêncio de um domingo para fazer o que fizeram hoje. Tudo mundo sabe, tem vários discursos do ex-presidente da República estimulando isso. Ele estimulou a invasão na Suprema Corte. Só não estimulou no palácio porque ele estava lá dentro. Estimulou a invasão os três poderes sempre que ele pôde. Isso também É responsabilidade dele, dos partidos que o sustentam. Tudo isso será apurado com muita rapidez”, prometeu o petista.

A Advocacia Geral da União entrou com pedido de prisão em flagrante dos manifestantes que invadiram os prédios em Brasília e também do agora secretário exonerado de segurança, Anderson Torres.

Golpistas se dirigiram inicialmente ao Congresso Nacional.
Golpistas se dirigiram inicialmente ao Congresso Nacional. REUTERS - ADRIANO MACHADO

Perplexidade

Autoridades e cidadãos comuns assistiram perplexos à invasão e ocupação do Congresso, do Supremo Tribunal Federal e do Palácio do Planalto.

Há dois sentimentos maiores. O de repulsa ao ato terrorista em si, de pessoas que não aceitaram até hoje o resultado legítimo das urnas, invocavam golpe militar e agora depredaram prédios públicos símbolos maiores da democracia brasileira. E também o sentimento de revolta com a omissão e conivência de autoridades do Governo do Distrito Federal que não conseguiu impedir uma ação desse porte na área mais vigiada e controlada de todo o território brasileiro.

Os olhares suspeitos em cima do governo local, sugerindo até um complô ou no mínimo vistas grossas ao movimento terrorista, levou à demissão imediata do secretário de segurança pública do Distrito Federal, Anderson Torres, que foi simplesmente ministro da Justiça de Jair Bolsonaro. A medida não foi suficiente para evitar a intervenção federal, anunciada logo depois por Lula.

“Era o mínimo essa intervenção na área da segurança. Brasília nasceu para ser palco da democracia brasileira. Os atos de hoje são inaceitáveis pois não depredam apenas móveis, mas atacam a República e a Democracia brasileira. É terrorismo”, afirmou o cientista político Alexandre Bandeira, da Associação Brasileira de Analistas Políticos.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP/AL) também comentou a invasão dos prédios públicos, afirmando que “a democracia pressupõe alternância de poder, divergências de pontos de vista, mas não admite as cenas deprimentes que o Brasil é surpreendido nesse momento. Agiremos com rigor para preservar a liberdade, a democracia e o respeito à Constituição.”

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