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Lula acerta ao antecipar nomes e evitar perfis mais beligerantes

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva optou por nomes que favorecem o ambiente de diálogo e negociação no chamado núcleo duro do governo, importante num cenário ainda muito polarizado politicamente. Essa é a avaliação de analistas ouvidos pela RFI após a antecipação do anúncio de cinco ministros. Nos bastidores, no entanto, houve quem sentisse falta de uma mulher entre os primeiros anunciados. 

O candidato ao ministro da Economia do Brasil, Fernando Haddad, observa enquanto o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva fala durante uma coletiva de imprensa no prédio do governo de transição em Brasília, Brasil, 9 de dezembro de 2022.
O candidato ao ministro da Economia do Brasil, Fernando Haddad, observa enquanto o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva fala durante uma coletiva de imprensa no prédio do governo de transição em Brasília, Brasil, 9 de dezembro de 2022. REUTERS - ADRIANO MACHADO
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Raquel Miura, correspondente da RFI em Brasília

Lula anunciou o ex-prefeito e ex-ministro Fernando Haddad para a Fazenda; o senador eleito e ex-governador Flávio Dino para a Justiça; o governador da Bahia, Rui Costa para a Casa Civil; o ex-ministro e ex-integrante do TCU, José Múcio Monteiro para  a Defesa; e o diplomata e ex-chanceler Mauro Vieira para o Itamaraty.

“Importante o presidente mostrar logo quais serão as pessoas mais próximas dele no governo. E assim começar a apaziguar o ambiente pós eleição, como ao apresentar o nome que da Defesa e para abrir o canal de diálogo com os militares. E também já mostra que as disputas de aliados ficam para os outros cargos”, afirmou à RFI o analista político Alexandre Bandeira.

A confirmação do escolhido para a pasta que responde pelas três Forças Armadas traz de volta um civil para o cargo. Múcio, elogiado já inclusive por Jair Bolsonaro, é conhecido pelo perfil articulador, com bom trânsito no Congresso e na Justiça. “É um interlocutor, uma pessoa de conversa, que estará à frente de ficou sensível na eleição, com pessoas ainda na porta dos quartéis”.

Para a Casa Civil Lula também fez uma escolha pessoal, um nome de sua confiança que saiu fortalecido com a eleição na Bahia. “Ele vem da cota muito pessoal de Lula, mas é também um gestor competente e capaz de dialogar. Então na hora que a gente observa os primeiros nomes, vemos essa promessa de campanha, de reconstruir o país, numa linha mais paz e amor do que beligerante”, avalia Bandeira.

“Mesmo o nome de Flávio Dino na Justiça, que estava ali nas redes sociais respondendo a Bolsonaro na campanha, é um perfil de negociação, que vai tentar reorganizar uma pasta importante”, o analista.

Governo Dilma

O escolhido para comandar as relações internacionais, outra pasta muito politizada no governo Bolsonaro já ocupou o posto na gestão Dilma Rousseff. É considerado nos bastidores da diplomacia como um nome experiente para um setor castigado por ideologia nos últimos anos, mas houve quem expressasse que Lula tinha aqui opções para oxigenar melhor a área, inclusive com mulheres diplomatas.

Na economia, o presidente confirmou o nome que já era esperado. “Considero uma boa escolha porque ele reúne dois requisitos importantes. Ele tem experiência no trato da coisa pública, foi gestor, foi prefeito. E tem uma ligação com o social, foi ministro da educação. A expectativa é de um governo responsável na parte fiscal e mas como foco também na área social”, afirou à RFI Evilásio Salvador, economista e professor da Universidade de Brasília.

Lula assim coloca aquele que considera seu eventual sucessor num ministério de muitos desafios, visto o rombo fiscal crescente e números sociais a serem enfretados, como os 30 milhões de famintos.

“O mercado vai aceitar. Mercado é um conjunto de interesses financeiros, muitos rentistas que vivem dos juros da dívida pública, mas o mercado logo se adapta. Esse casamento do social com a responsabilidade fiscal é importante”, disse Evilásio.

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