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“Uma escolha difícil”: imprensa internacional repercute reta final da eleição brasileira

A reta final da eleição presidencial brasileira é destaque em praticamente todos os grandes jornais do mundo neste sábado (29). Além de repercutirem o debate realizado na véspera entre os dois candidatos, os veículos internacionais traçam os perfis de ambos e falam da polarização de um segundo turno “elétrico”.

Imprensa internacional acompanha de perto o segundo turno da eleição presidencial brasileira, um pleito que dividiu o país.
Imprensa internacional acompanha de perto o segundo turno da eleição presidencial brasileira, um pleito que dividiu o país. REUTERS - UESLEI MARCELINO
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“Os brasileiros vão às urnas no domingo em uma eleição entre dois pesos-pesados ​​políticos que pode ter repercussões globais”, resume o jornal norte-americano New York Times. Segundo o diário, “o Brasil enfrenta uma escolha difícil” neste segundo turno, lembrando que o resultado das urnas também é importante para o resto do mundo. “A eleição traz grandes consequências para a floresta amazônica, que é crucial para a saúde do planeta”, diz o jornal, que teme pela "saúde de uma das maiores democracias do mundo”.

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A imprensa internacional também dá grande espaço para a polarização da campanha. O britânico The Guardian afirma que o pleito, “visto como o mais importante desde o fim da ditadura, (...) dividiu o país mais populoso da América Latina, com cerca da metade dos eleitores rejeitando Bolsonaro e quase o equivalente rejeitando Lula”.

O argentino El Clarín faz um resumo das últimas pesquisas de intenção de voto e fala em empate técnico. “Qualquer um pode ganhar”, aponta o enviado especial do jornal ao Brasil.

O francês Le Monde anuncia “um duelo tão apertado quanto perigoso”, após uma campanha “elétrica” marcada por fake news e trocas de farpas que deixaram as prioridades do país em segundo plano. “O debate ficou no quarto subsolo. Impossível ficar mais baixo”, comenta nas páginas do vespertino o cientista político Mathias Alencastro. Segundo ele, esse segundo turno foi “trágico”, pois “não se falou do futuro do Brasil”.

Campanha mais retrospectiva que prospectiva

Os veículos internacionais também publicam matérias nas quais apresentam e analisam os perfis dos dois candidatos. O canal de rádio e televisão francês FranceInfo explica que boa parte da campanha de Lula foi baseada nas lembranças de sua passagem pela presidência.

Especialistas ouvidos pela emissora, como a geógrafa francesa Martine Droulers ou o cientista político britânico Anthony Pereira, apontam que esse pode ser um dos pontos fracos da campanha, que “foi mais retrospectiva que prospectiva”.

Já o jornal francês Le Figaro ressalta que a passagem de Lula pela cadeia ainda freia muitos eleitores de esquerda. “Esse escândalo continua a persegui-lo, três anos após ter sido solto”, diz o diário. Com isso, analisa o jornal, muitos eleitores das camadas mais pobres da população votam em Bolsonaro não por estarem apostando do presidente, e sim porque o chefe de Estado “continua se beneficiando do forte ressentimento público contra Lula”.

O respeitado site francês Mediapart diz que, independentemente desse sentimento anti-Lula, “o bolsonarismo ainda conta com forte apoio de parte da população”. O site lista a “gestão catastrófica da pandemia de Covid, a crise social, a destruição ambiental e resultados econômicos ruins” e se pergunta: “Por que Bolsonaro, presidente desastroso, ainda é tão apoiado no Brasil?”

Enquanto isso, o jornal português Público, que acompanha de perto a eleição, com matéria frequentes desde o início da campanha, preferiu dar destaque neste sábado para a gafe de Bolsonaro após o último debate, quando o presidente afirmou não ter entendido uma pergunta feita pelo correspondente do canal português RTP e disse que “não falava nem espanhol, nem portunhol”. “Comentário descabido, tendo em conta que a pergunta tinha sido feita no mesmo português com que Jair Bolsonaro respondeu, embora com diferente sotaque”, lança o diário, irônico, antes de avaliar que o episódio “visou apenas contornar uma pergunta de difícil”.

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