200 anos da Independência: Filarmônica de Minas Gerais encanta público com concerto em Lisboa
A Orquestra Filarmônica de Minas Gerais fez um concerto vibrante ao ar livre na noite de 7 de setembro, no Jardim da Torre de Belém, dentro da programação oficial dos 200 anos da Independência do Brasil e do festival Lisboa na Rua. O público aplaudiu longamente os 90 músicos da orquestra e o repertório escolhido pelo maestro Fabio Mechetti.
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Adriana Moysés, enviada especial da RFI a Lisboa
Longe da agitação golpista que o presidente Jair Bolsonaro deu ao Dia da Independência no Brasil, centenas de brasileiros e portugueses ficaram encantados ouvindo obras de Alberto Nepomuceno, Francisco Mignone, Lorenzo Fernandez, Cesar Guerra-Peixe, Carlos Gomes e do português Joly Braga Santos, entre outros compositores.
O concerto começou com o Hino da Independência, criando logo uma atmosfera de celebração em torno do evento histórico. Em seguida, o maestro Mechetti iniciou o programa, apresentando cada peça antes de se dedicar à execução, o que fez a plateia recordar as raízes da cultura brasileira e sua diversidade de estilos musicais. A emoção foi ganhando a multidão, que em vários momentos aplaudiu de pé a orquestra.
O palco, instalado ao lado da Torre de Belém iluminada, na margem direita do rio Tejo, completava a magia do cenário. Generoso, Mechetti fez vários bises, atendendo aos pedidos de Aquarela do Brasil, depois Tico Tico no Fubá e Fosca, ópera de Carlos Gomes.
Encerrada a programação, as pessoas permaneceram ainda por um momento no gramado, comentando o concerto. E não pouparam elogios: "Muito bom ver a cultura do Brasil aqui em Lisboa", disse uma jovem à RFI. Os espectadores descreveram um momento "aconchegante", "acolhedor", "maravilhoso", "um privilégio".
"Receptividade estupenda"
Diretor artístico e regente titular da Filarmônica de Minas Gerais há 15 anos, desde sua fundação, Mechetti disse em entrevista à RFI, algumas horas antes da apresentação, que a orquestra estava um pouco apreensiva com esta primeira turnê em Portugal e na Europa. Mas a receptividade do público, desde a estreia no Porto, na terça-feira (6), dissipou as dúvidas de todos.
“A recepção foi estupenda, foi realmente emocionante, tivemos de dar vários bises no final do concerto”, contou o maestro. Estar em Portugal “vem sendo uma experiência única para a orquestra, que vem alimentando este sonho de fazer uma turnê na Europa há alguns anos, e nos sentimos honrados e privilegiados com essa oportunidade de celebrar os 200 anos da Independência do Brasil com concertos que trazem um pouquinho do repertório brasileiro em espaços fechados e ao ar livre. E trazendo ainda o nome da Filarmônica, de Minas Gerais e do Brasil para nossos irmãos portugueses”, acrescentou o regente.
Os músicos são originários de todas as partes do Brasil, da Europa, Ásia e das Américas. No programa concebido para espaços fechados, a orquestra é acompanhada pelo pianista brasileiro Jean-Louis Steuerman, um dos mais importantes do país. Ele toca as Bachianas Brasileiras número 3, de Villa-Lobos, construída para piano e orquestra.
Mechetti veio à Europa com os 90 músicos do conjunto. Eles não ficam todos no palco ao mesmo tempo, exceto em interpretações como Choros número 3, também de Villa-Lobos, que exige o contingente completo por contar "com muita percussão, harpas, uma instrumentação muito maior", explica o maestro.
Também como parte das comemorações dos 200 anos da Independência, a Filarmônica lançará um CD inédito, no dia 9 de setembro, com obras compostas pelo imperador Dom Pedro I. Este CD integra a série “A música do Brasil”, projeto realizado em parceria com o Itamaraty e o selo internacional Naxos.
“Algumas obras são de cunho sacro; haverá também a Abertura para a Independência, uma peça sinfônica que ele compôs logo depois da declaração de 7 de setembro de 1822, e o Hino da Independência”, destaca Mechetti.
“É uma oportunidade de ver um outro lado do nosso Imperador e constatar que ele era uma pessoa que tinha relativo talento para a música e interesse em escrever e registrar essas ideias e expressões musicais que tinha”, concluiu o diretor artístico da Filarmônica de Minas Gerais.
A orquestra tem mais duas apresentações previstas: quinta-feira (8) no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, e sexta-feira (9) no Convento São Francisco, em Coimbra.
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