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Brasileira é finalista em prêmio europeu de jovens inventores com projeto de absorventes biodegradáveis

A designer brasileira de produtos e serviços Rafaella de Bona Gonçalves, de 25 anos, é uma das três finalistas da primeira edição do concurso que premia jovens inventores do Escritório Europeu de Patentes. O anúncio foi divulgado nesta terça-feira (24), na sede desta instituição pública europeia, baseada em Munique, na Alemanha. Seu projeto se foca na precariedade menstrual de mulheres sem-teto.  

A designer brasileira Rafaella de Bona Gonçalves criou absorventes higiênicos e tampões biodegradáveis à base de bambu, celulose, espuma de soja e fibra de banana.
A designer brasileira Rafaella de Bona Gonçalves criou absorventes higiênicos e tampões biodegradáveis à base de bambu, celulose, espuma de soja e fibra de banana. © Divulgação
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Daniella Franco, da redação da RFI

"Foi uma surpresa quando eu soube que era uma das finalistas do prêmio. Saber que eu faço parte dos três selecionados, que eu vou para a cerimônia e que vou representar o Brasil foi incrível! Foi uma das melhores notícias que eu já recebi", diz Rafaella, em entrevista à RFI.

Natural de Curitiba (PR), a jovem teve a ideia de criar absorventes higiênicos e tampões biodegradáveis à base de bambu, celulose, espuma de soja e fibra de banana. O projeto nasceu quando Rafaella fez um curso sobre soluções de design dentro dos objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU durante sua graduação, na Universidade Federal do Paraná (UFPR).  

"Um dos itens desses objetivos era acabar com a pobreza de todas as formas e em todos os lugares. Então, comecei a pensar quais eram as outras formas de pobreza e me deparei com a pobreza menstrual. Isso me chocou bastante, porque eu nunca tinha parado para pensar como as pessoas em situação de rua passavam o seu ciclo menstrual. Foi o que me chamou atenção para que eu fizesse algo a respeito", conta. 

Sensibilizada pelas dificuldades de higiene vividas pelas mulheres sem-teto — como a impossibilidade de trocar de roupa íntima e de lavar copos menstruais — a designer desenvolveu dois produtos. O primeiro, chamado de “Maria - absorvente íntimo” é um tampão descartável, totalmente biodegradável, sem plástico, projetado para ser distribuído gratuitamente pelos governos. O produto tem um formato de rolo, com fibras de banana em camadas, que serão desenroladas e utilizadas para formar os tampões no tamanho que a usuária desejar. 

Um segundo objeto proposto por Rafaella é um absorvente "premium", completamente biodegradável, com tiras adesivas ou que pode ser rasgado ao longo de perfurações para ser convertido em dois tampões. O objetivo é que o valor pago pelo produto permita doar um outro para quem não pode pagar por ele. Em 2021, Rafaella também criou a campanha de conscientização “Eu Faço Parte”, baseada no conceito desta criação, pela qual recebeu diversos prêmios. 

Materiais utilizados nos absorventes biodegradáveis criados pela designer brasileira Rafaella de Bona Gonçalves.
Materiais utilizados nos absorventes biodegradáveis criados pela designer brasileira Rafaella de Bona Gonçalves. © Divulgação

Empreendimento social promissor 

O projeto da jovem designer rendeu elogios do presidente do Escritório Europeu de Patentes, António Campinos. “Ela aborda duas questões simultaneamente: aumenta o acesso das mulheres aos produtos sanitários necessários e, ao mesmo tempo, transforma um fluxo de resíduos em um material valioso”, afirma. “O que começou como um projeto universitário solo se transformou em um empreendimento social promissor, com rede de parceiros comprometidos e um produto com potencial de impactar positivamente a vida de muitas mulheres", reiterou, durante a apresentação dos finalistas do prêmio. 

Rafaella diz que já se sente vencedora ao ser selecionada como finalista do concurso. "Espero que as pessoas conheçam o problema da pobreza menstrual e comecem a pensar a respeito". Caso ganhe o concurso, pretende aperfeiçoar sua criação para produzi-la em larga escala.

A brasileira tem dois outros projetos concorrentes. O belga Victor Dewulf, de 25 anos, e o britânico Peter Hedley, de 27 anos, que criaram uma inovação relacionada à inteligência artificial. Graças a um sistema de reconhecimento óptico de lixo e um braço robotizado para a triagem, eles inventaram um sistema automático para aumentar a proporção de separação de dejetos, tornado a reciclagem financeiramente mais rentável. 

Já a americana Erin Smith, de 22 anos, estudante de neurociências na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, desenvolveu um aplicativo para detectar precocemente a doença de Parkinson e outros problemas neurológicos, baseados no reconhecimento das expressões faciais.

O Prêmio Jovens Inventores do Escritório Europeu de Patentes foi criado neste ano para motivar talentos com menos de 30 anos a proporem soluções a problemas globais. O vencedor — ou a vencedora — será anunciado no próximo 21 de junho e receberá € 20 mil. Os segundo e terceiro lugares receberão, respectivamente € 10 mil e € 5 mil. 

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