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Postura neutra de Bolsonaro sobre invasão da Ucrânia é "surpreendente", diz jornal francês

Os principais jornais franceses desta quinta-feira (3) estampam em suas capas cenas trágicas da guerra na Ucrânia. Mas se a comoção com o sofrimento do povo ucraniano é unânime em todo o mundo, o posicionamento dos governos diante do conflito é lento e divide o planeta em dois campos. O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, optou pela “neutralidade”, destaca o diário Libération.

O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, ao lado do presidente russo, Vladimir Putin, após encontro no Kremlin, em 16 de fevereiro de 2022.
O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, ao lado do presidente russo, Vladimir Putin, após encontro no Kremlin, em 16 de fevereiro de 2022. AP - Mikhail Klimentyev
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O jornal salienta que foi preciso uma semana inteira, desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, para que os esforços diplomáticos conseguissem aprovar uma resolução na Assembleia-Geral da ONU. Porém, para que o texto, que pede "o fim dos combates", fosse votado pelos 193 membros, foi necessário evitar uma condenação ao ataque russo. 

Em uma "sessão extraordinária de urgência" - a primeira em 40 anos - a resolução foi aprovada por 141 países. Cinco votaram contra: Rússia, Belarus, Eritreia e Coreia do Norte. Trinta e cinco nações se abstiveram, entre elas, a China e a Índia. Mas Libération enfatiza que a resolução tem um valor essencialmente diplomático e mostra a ausência de consenso sobre a condenação da agressão russa à Ucrânia.

América Latina dividida

Em um mapa do mundo estampado em duas páginas, o diário detalha o posicionamento dos países sobre a guerra. Para Libé, a América Latina está completamente dividida sobre a questão. O eixo Havana-Caracas, por exemplo, não negocia o apoio a Moscou. Outros líderes latino-americanos mais progressistas adotam uma postura neutra. É o caso do presidente peruano Pedro Castilho, que diz esperar que os conflitos se resolvam "não com balas, mas graças às vias diplomáticas".

Libération diz que, na América Latina, o posicionamento mais surpreendente é o do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro. O jornal lembra que, no último domingo, o líder da extrema direita declarou que o Brasil "não tomaria partido", priorizando "a neutralidade".

Para Bolsonaro, é exagerado considerar que o presidente russo, Vladimir Putin, está perpetrando um massacre na Ucrânia. Libération também salienta que uma semana antes do início da guerra, o presidente brasileiro realizou uma visita de Estado à Rússia.

Macron faz discurso de campanha

Todos os jornais também destacam o discurso do presidente francês, Emmanuel Macron, na noite de quarta-feira (2), em cadeia nacional de rádio e TV. Em uma fala de cerca de 15 minutos, o líder centrista deixou clara a solidariedade à Ucrânia e a seus cidadãos, mas enfatizou que a França não está em guerra contra a Rússia.

Por trás do apoio a Kiev, está um discurso de campanha, avalia o jornal Le Parisien. Embora Macron deva oficializar sua candidatura na sexta-feira (4), o diário afirma que o presidente francês utilizou os holofotes para falar sobre sua estratégia às eleições presidenciais de abril.

O jornal Le Figaro diz que a quase um mês do primeiro turno, o líder francês quis se mostrar como "o fiador das instituições europeias" e o defensor do povo francês. "Tenho apenas um objetivo: proteger vocês", disse Macron, inaugurando sua agenda de candidato, salienta a matéria.

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