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Petrópolis: “Consegui segurar num poste, mas vi uma menininha morrendo”, conta sobrevivente

A correspondente da redação francesa da RFI, Sarah Cozzolino, está em Petrópolis acompanhando as operações de resgate após a tragédia na cidade. Ela ouviu várias testemunhas que relatam, comovidas, cenas do desastre que deixou pelo menos 104 mortos.

Cerca de 400 militares trabalham em tarefas de socorro, juntamente com equipes da Defesa Civil e dos bombeiros, com cães, escavadeiras, caminhões, botes e uma dezena de aeronaves.
Cerca de 400 militares trabalham em tarefas de socorro, juntamente com equipes da Defesa Civil e dos bombeiros, com cães, escavadeiras, caminhões, botes e uma dezena de aeronaves. REUTERS - RICARDO MORAES
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Com informações da correspondente da RFI no Brasil, Sarah Cozzolino

O saldo de vítimas do temporal mais intenso dos últimos 90 anos em Petrópolis não para de subir e é atualizado constantemente pela Defesa Civil do estado do Rio de Janeiro.

A correspondente da RFI relata que sirenes alertam a população para o risco de novos deslizamentos de terra. As equipes de resgate correm contra o tempo para encontrar sobreviventes debaixo da lama e dos escombros. Muitos atingidos pelas chuvas ajudam nas buscas, desesperados para encontrar familiares e amigos em um cenário de casas destruídas e veículos empilhados.

Até o momento, 24 pessoas foram resgatadas com vida e 35 estão desaparecidas.

A tempestade da última terça-feira (15) transformou várias estradas de Petrópolis em rios, com correntezas que varreram tudo pelo caminho. No bairro de Vila Felipe, a moradora Lucia Martins observa de longe a colina onde ficava a casa dela e só vê um monte de lama e entulho. O deslizamento levou junto muitos de seus vizinhos.

“Foi aterrorizante, a enxurrada de lama vindo de um lado e de outro, foi horrível ver as pessoas sendo levadas junto com árvores, casas.”

00:10

Lucia Martins

A jovem Danielle da Cruz, de 16 anos, voltava da escola no momento do temporal e foi levada pela correnteza. Traumatizada, ela conta que conseguiu escapar por milagre, mas viu uma criança morrer.

“Eu tentei pegar alguma coisa e a água me levou. Só deu tempo de segurar num poste. Tudo isso vai ficar na minha mente porque eu vi uma menininha morrendo é muito triste.”

00:14

Danielle da Cruz

Ajuda aos desabrigados

As doações para ajudar os desabrigados pelo temporal em Petrópolis são numerosas. Elas são enviadas a uma escola municipal da cidade, utilizada como refúgio. Mas o local está sem luz e água, complicando a ajuda aos atingidos pelas chuvas, lamenta Bianca Pagani que coordena a distribuição de alimentos.

“Tem muita gente precisando de socorro. Não temos médicos e não temos como transportar as pessoas para os hospitais; só aqui tem mais de 200 pessoas desabrigadas.”

00:11

Bianca Pagani

A correspondente da RFI lembra que após as recentes enchentes nos estados da Bahia, Minas Gerais e São Paulo, o desastre de Petrópolis é a sequência de uma longa série de tragédias provocadas pelo aquecimento global, segundo os especialistas.

Cenas de guerra

Desde a madrugada de quarta-feira (16), a imprensa francesa noticia o desastre de Petrópolis, antiga cidade imperial, localizada a 68 quilômetros ao norte do Rio de Janeiro. "Foi a pior chuva desde 1932", indicou o governador do estado, Cláudio Castro, dizendo que a situação é quase “de guerra".

Em alguns pontos da cidade choveu até 260 milímetros em menos de seis horas, um volume superior à média histórica para todo o mês de fevereiro (240 mm), segundo a agência meteorológica Metsul. Vídeos que viralizaram nas redes sociais mostraram imagens chocantes de algumas ruas de Petrópolis transformadas em rios de lama, arrastando tudo pelo caminho com uma força descomunal.

Em janeiro de 2011, mais de 900 pessoas morreram na região serrana do estado do Rio de Janeiro devido às fortes chuvas, que causaram inundações e deslizamentos de terra em uma vasta área, incluindo Petrópolis e as cidades vizinhas Nova Friburgo, Itaipava e Teresópolis.

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