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Elza Soares morreu desejando que o Brasil recuperasse a dignidade e o respeito

A imensa sambista brasileira Elza Soares morreu nesta quinta-feira (20) em sua casa no Rio de Janeiro, anunciou sua assessoria. "É com muita tristeza e pesar que informamos o falecimento da cantora e compositora Elza Soares, aos 91 anos, às 15h45 em sua casa no Rio de Janeiro, por causas naturais", informa o comunicado divulgado na conta do Instagram da cantora.

A rainha do samba Elza Soares, em um show nos anos 1970, em Roma.
A rainha do samba Elza Soares, em um show nos anos 1970, em Roma. © AP/Gianni Foggia
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"Ícone da música brasileira, considerada uma das maiores artistas do mundo, a cantora, eleita como a Voz do Milênio, teve uma vida apoteótica, intensa, que emocionou o mundo com sua voz, força e determinação", destaca o comunicado.

Em junho de 2020, poucos dias antes de completar seu aniversário de 90 anos, Elza Soares deu uma entrevista exclusiva à RFI. Ela falou sobre temas como o racismo, o passar do tempo, o Brasil e sobre ser mulher num mundo machista.

Questionada sobre o que aprendeu na vida e que gostaria de transmitir aos mais jovens – aos seus sobrinhos e netos –, ela respondeu: educação, respeito e dignidade, acrescentando que o Brasil também precisava disso.

Clique aqui para ler e ouvir a entrevista.

A imprensa brasileira se despede da artista com homenagens calorosas à "deusa de Padre Miguel" e recorda que ela morreu no mesmo dia do ex-jogador Manoel Garrincha, com quem teve um relacionamento por 17 anos. O craque do Botafogo também morreu no dia 20 de janeiro, mas quase 40 anos antes da musa, em 1983.

Com uma carreira eclética, que começou na década de 1960 e inclui mais de 30 álbuns, Elza Soares, uma diva negra de voz rouca e inconfundível, era considerada uma das maiores vozes da música brasileira.

A vida golpeou Elza Gomes da Conceição repetidas vezes, mas também fez dela um símbolo de resistência e coragem e, em seus últimos anos, uma figura de culto.

Filha de um operário e uma lavadeira, Elza nasceu em junho de 1930, no Rio de Janeiro, e cresceu na favela de Moça Bonita. Seu pai a obrigou a se casar aos 12 anos, e, um ano depois, nasceu seu primeiro filho. Com o primeiro marido, Elza teve sete filhos, mas os dois primeiros, prematuros e desnutridos, morreram muito pequenos. Ela confessou que chegou a roubar comida para alimentá-los. Aos 21 anos, já era viúva.

"A amada e eterna Elza descansou, mas estará para sempre na história da música e em nossos corações e no dos milhares de fãs por todo o mundo. Feita a vontade de Elza Soares, ela cantou até o fim", conclui o comunicado.

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