"Surrealista", "inacreditável": confira repercussão na França sobre confusão no jogo Brasil x Argentina

A interrupção considerada "surrealista" e "inacreditável" da partida entre Brasil e Argentina na noite de domingo (5) no gramado da Neo Química Arena, em São Paulo, depois que agentes da Anvisa acusaram quatro jogadores argentinos que vieram da Inglaterra de não cumprir a quarentena contra a Covid-19, é uma das principais manchetes da imprensa francesa nesta segunda-feira (6).  

Para a imprensa francesa, a interrupção do jogo entre Brasil e Argentina ontem em SP pelas eliminatórias da Copa de 2022 foi "surrealista e inacreditável". AP - Andre Penner

Canais de TV e jornais divulgam imagens da entrada inesperada em campo de agentes da Anvisa. Tudo começou no quinto minuto do jogo e logo se formou uma aglomeração de homens de camiseta preta ou de terno e gravata, misturados aos jogadores, como é possível ver nas imagens que rodam o mundo. "Na confusão geral", diz o jornal Ouest France, "os argentinos foram para o vestiário". 

Brésil-Argentine arrêté, la grande mascarade

L'affiche sud-américaine Brésil-Argentine, interrompue par des agents de la santé publique venus pour isoler quatre joueurs argentins, a tourné au fiasco https://t.co/YnsyalgjUA pic.twitter.com/QZFEGGeEdj

— L'ÉQUIPE (@lequipe) September 5, 2021

O comentarista do canal France Info conta que os quatro implicados - o goleiro Emiliano Martinez, os meias Emiliano Buendia e Giovani Lo Celso e o zagueiro Cristian Romero - não foram expulsos nem receberam uma multa como queria a Anvisa (Agência Brasileira de Vigilância Sanitária).  

Éliminatoires de la Coupe du monde 2022 : ce que l’on sait de l’interruption de la rencontre Brésil-Argentinehttps://t.co/iyCxmkProb pic.twitter.com/CZ4vYPuIPP

— franceinfo (@franceinfo) September 5, 2021

"Muito rapidamente, os ânimos esquentaram no gramado. Em meio à confusão e ao caos geral, Neymar e Messi conversaram sobre a situação para tentar encontrar uma solução", reporta o Ouest France. O jornal destaca que Messi, já sem a camisa da seleção argentina, vestido com um colete cinza de fotógrafo, questionou por que a Anvisa esperou o começo da partida para vir tirar os jogadores de campo, se a equipe já estava no Brasil havia três dias. 

Football. « Ridicule », « scandale mondial », la presse argentine se lâche après le fiasco brésilien https://t.co/Oaimu7CY6L

— Ouest-France (@OuestFrance) September 6, 2021

"A TV Globo, que transmitia o jogo válido pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2022, explicou que a Federação argentina propôs a substituição dos titulares que desrespeitaram o protocolo anticovid, mas a Anvisa recusou", acrescenta o diário. "Caberá à Fifa determinar as responsabilidades desse fiasco e eventualmente adotar sanções", conclui o texto. 

"Vergonha mundial"

L'Équipe destaca que a hashtag "#vergonha", assim como um meme no mesmo sentido dominam os comentários nas redes sociais. "Em suas colunas ou em seus sites, a mídia brasileira e argentina se uniram em suas primeiras reações à incrível interrupção do confronto entre a Seleção e a Albiceleste, no domingo", escreve o diário esportivo. 

Os comentários mais fortes vieram, muito rapidamente, da Argentina. "O Clarín fala em 'escândalo mundial', enquanto o Olé! deu o título 'vergonha brasileira', argumentando que a Arena Corinthians, em São Paulo, viveu 'um dos momentos mais ridículos do futebol mundial', indica o L'Équipe. "Mas a história não foi tão simples assim", escreve o jornal francês. 

Ao questionar "de quem é a falha?", o diário esportivo explica que de acordo com o regulamento em vigor, o juiz e um dos responsáveis pelo jogo devem enviar um relatório para a comissão disciplinar da FIFA, que poderá decidir nas próximas horas sobre um eventual adiamento da partida e sanções contra a Federação Argentina. 

Mas se a principal entidade do futebol entender que houve "erros" de todos os lados e que a interrupção do jogo resultou de "um motivo de força maior", a FIFA deverá avaliar o caso de acordo "com seus próprios critérios" e "tomar as medidas que julgar necessárias", finaliza L'Équipe.

A la espera del fallo de FIFA, hasta la Confederación Brasilera cuestionó la irrupción de Anvisa. https://t.co/NxZlGLqVs2

— Clarín (@clarincom) September 6, 2021