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"Será o povo brasileiro quem se libertará de Bolsonaro", diz Lula em entrevista a jornal britânico

Em entrevista ao jornal The Guardian nesta sexta-feira (21), o ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva - cotado para desafiar Jair Bolsonaro à presidência em 2022 depois de recuperar seus direitos políticos - não deixou dúvidas de que antecipa "um final extraordinário para uma das carreiras políticas mais duradouras e dramáticas do mundo".

O Brasil é um pária global": Lula e seus planos para acabar com o reinado do 'psicopata' Bolsonaro
O Brasil é um pária global": Lula e seus planos para acabar com o reinado do 'psicopata' Bolsonaro © Captura de tela The Guardian
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“Corri oito quilômetros antes desta entrevista", gabou-se Lula, "e costumo correr nove km por dia, de segunda a sexta-feira, porque andar pelo Brasil vai ser muito difícil, muito cansativo e preciso preparar as pernas para consertar os problemas deste país”, disse o ex-presidente brasileiro em entrevista exclusiva ao jornalista Tom Philips, do Guardian.

Com o tradicional senso de humor, Lula disse ainda que "perto de Biden sou um garoto", no tocante à sua idade - ele terá 77 anos em 2022, se decidir concorrer novamente ao Planalto, nessa que poderá ser sua sexta campanha presidencial, desde 1989. "Eu não preciso fazer promessas", continuou, "já fiz as coisas acontecerem neste país", disse.

“Assim que o nosso partido tiver o seu candidato e estivermos em campanha, quero viajar pelo Brasil, visitar todos os estados, fazer debates, conversar com o povo, visitar as favelas, os recicladores, as pessoas LGBT. (...) Quero falar com a sociedade brasileira para poder dizer: 'É possível construirmos um novo país ... É possível fazer esse país feliz novamente”, afirmou Lula ao jornal britânico. 

Segundo The Guardian, as sementes para o retorno de Lula foram "plantadas em março, quando um juiz da Suprema Corte anulou a condenação por corrupção que o expulsou da eleição de 2018, vencida por Bolsonaro". "Desde então, Lula se posicionou como uma alternativa confiável, moderada e otimista ao extremismo 'idiota' de Bolsonaro e se reuniu com poderosos cujo apoio será fundamental se ele quiser recuperar a presidência em outubro próximo", analisa a publicação.

Na frente nas pesquisas

O Guardian faz questão de contextualizar os bastidores da disputa brasileira, lembrando que "as pesquisas sugerem que o esquerdista está bem posicionado para derrotar Bolsonaro, que os críticos acusam de devastar o meio ambiente e a economia do Brasil." O maior instituto de pesquisa do Brasil, o Datafolha, "previu recentemente que Lula venceria o Bolsonaro em um segundo turno por uma margem de mais de 20%", publica.

Bem à vontade, o petista afirma durante a entrevista que “nos últimos dois ou três anos, Bolsonaro quase não pronunciou meu nome porque pensava que eu estava fora do jogo - e agora de repente ele percebe que estou segurando todas as melhores cartas e se isso fosse pôquer, ele já teria perdido".

"Psicopata"

Lula disse ainda ao Guardian que estava "muito velho para discutir com o adversário". “Você não está lidando com um ser humano normal. Você está lidando com um psicopata, que não tem a menor capacidade de governar”, afirmou ao jornal britânico.

“Ele [Bolsonaro] poderia ter evitado metade dessas mortes”, afirmou Lula, prevendo que o atual presidente brasileiro seria responsabilizado pela sabotagem anticientífica de medidas de contenção, como distanciamento físico e uso de máscaras. Se essa avaliação não veio por impeachment ou inquérito parlamentar, “Não tenho dúvidas de que ele não escapará de ser julgado pelo povo brasileiro em 2022”, disse Lula.

“Anote o que eu digo... não será Lula quem derrotará Bolsonaro. Não será nenhum candidato que derrotará Bolsonaro. Será o povo brasileiro quem se libertará do Bolsonaro", afirmou o ex-presidente brasileiro.

“Hoje, o Brasil é um pária global. Não há país com credibilidade que goste do Brasil. Não há país que queira receber o presidente brasileiro e nenhum presidente que queira vir aqui ”, reclamou Lula ao Guardian, Lula que, lembra o jornal britânico, "recentemente se encontrou com enviados britânicos, alemães e sul-africanos no esforço de reconstruir pontes com o mundo."

“O Brasil é um país que pode se dar bem com todos”, disse Lula, ao fim da entrevista. “Eu até disse ao embaixador britânico que o Boris Johnson pode se preparar, porque se eu for para o Reino Unido, ele terá que fazer uma corrida de bicicleta comigo por Londres - e vou mostrar a ele como sou um ciclista competente”, brincou Lula, alegando que também desfrutou de “relacionamentos maravilhosos” com os líderes trabalhistas Tony Blair e Gordon Brown.

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