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Brasil vai às urnas neste domingo em “eleições municipais atípicas”, diz imprensa francesa

A imprensa francesa deste domingo (15) destaca as eleições municipais “atípicas” no Brasil. A AFP diz que a votação é marcada pela pandemia do coronavírus e pode confirmar a guinada à direita do país, iniciada pela eleição de Jair Bolsonaro há dois anos. Para o site francês da RFI, o clima neste primeiro turno é pesado. O jornal Le Monde escreve que Manuela d’Avila é a esperança da esquerda em Porto Alegre.

Os brasilerios voltam às urnas neste domingo, 15 de novembro de 2020, pela primeira vez desde a eleição de Jair Bolsonaro à presidência há dois anos.
Os brasilerios voltam às urnas neste domingo, 15 de novembro de 2020, pela primeira vez desde a eleição de Jair Bolsonaro à presidência há dois anos. AFP/File
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Além da pandemia da Covid, que continua matando centenas de pessoas por dia no Brasil, a violência contra os candidatos atingiu um novo recorde com 80 candidatos assassinados, informa a RFI. Esta é a primeira vez desde a eleição de Jair Bolsonaro que os brasileiros voltam às urnas e, segundo a matéria, “o mínimo que se pode dizer é que campo do presidente de extrema direita não leva vantagem”.

De acordo com as pesquisas, os partidos que apoiam Bolsonaro têm cerca de 20% de intenções de voto. A esquerda deve obter o mesmo resultado. A maioria dos brasileiros parece optar pelos candidatos da chamada direita “tradicional”, como em São Paulo e no Rio de Janeiro.

A RFI lembra que as duas maiores metrópoles brasileiras foram palco de uma série de assassinatos políticos antes dessas eleições. Um dos candidatos foi atingido por dois tiros durante uma conversa nas redes sociais com seus eleitores. A violência é obviamente uma questão eleitoral importante, mas os brasileiros afirmam que sua maior preocupação atual é a saúde, o que não é surpreendente em um país onde mais de 160.000 pessoas morreram de Covid-19.

Pandemia

Quase 148 milhões de eleitores poderão votar neste primeiro turno para escolher os prefeitos e os vereadores dos 5.569 municípios brasileiros. Mas a pandemia, que provocou o adiamento da votação, impediu a campanha de corpo a corpo, pode comprometer o comparecimento às urnas.

A AFP acredita que essas "eleições atípicas" devido à pandemia da Covid-19, devem “confirmar a guinada à direita do país, iniciada pela eleição de Jair Bolsonaro há dois anos”. Citando analistas, Agência de Notícias Francesa aponta que os brasileiros vão votar pela continuidade, sem a emergência de outsiders como em 2016 ou 2018. Haverá um fortalecimento dos partidos da direita tradicional como o MDB, PSD, PP e DEM. Porém, esta consolidação não deve se traduzir necessariamente em um apoio ao presidente.

A AFP lembra que Bolsonaro é o primeiro chefe de Estado do país a participar de uma eleição municipal sem partido. Por isso, vai ser difícil avaliar se ele sairá vitorioso ou derrotado das urnas. E na oposição, a esquerda, ainda cambaleada pelos resultados das últimas eleições, participa das municipais dividida.

Manuela d’Avila a esperança da esquerda

Le Monde informa que “a jovem comunista lidera as pesquisas na capital do Rio Grande do Sul”. Manuela d’Avila, de 39 anos, feminista e ativista dos direitos humanos e das minorias, “encarna a juventude e as esperanças da esquerda em Porto Alegre, contra Jair Bolsonaro e a extrema direita no poder”, escreve o jornal.

O artigo ressalta que a candidata do PCdoB não é uma novata na política e que no meio comunista poderia ser considerada uma “apparatchik”. Vereadora e depois deputada desde 2004, ela já foi duas vezes candidata derrotada à prefeitura de Porto Alegre e uma vez à vice-presidência na chapa de Fernando Haddad (PT).

Para Manuela d’Avila, a conquista da capital do Rio Grande do Sul, tradicionalmente à esquerda, terra de Lionel Brizola e do Fórum Social Mundial, seria um “enorme símbolo”. A candidata é do PCdoB, mas tenta passar uma imagem menos radical em um país onde a palavra “comunista” se transformou em um verdadeiro insulto. Às críticas de uma mudança de postura eleitoreira, ela se defende no Le Monde dizendo que “é cabeça de chapa de uma aliança e não representa apenas seu partido”.

 

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