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Brasil

Le Figaro: com Projeto de Lei Anticrime, Bolsonaro espera ganhar pontos junto a eleitorado conservador

O jornal Le Figaro desta quarta-feira (20) trata do Projeto de Lei Anticrime que será votado dentro de breve pela Câmara dos Deputados no Brasil. “A licença para matar prometida aos policiais por Jair Bolsonaro divide o Brasil” é o título de uma matéria assinada pelo correspondente do diário no Rio de Janeiro, Michel Leclercq.

“A licença para matar prometida aos policiais por Jair Bolsonaro divide o Brasil” é o título de uma matéria publicada pelo jornal Le Figaro nesta quarta-feira (20).
“A licença para matar prometida aos policiais por Jair Bolsonaro divide o Brasil” é o título de uma matéria publicada pelo jornal Le Figaro nesta quarta-feira (20). Reprodução/Le Figaro
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“Jair Bolsonaro prometeu durante sua campanha eleitoral ser implacável com a corrupção e a criminalidade, um engajamento que contribuiu com sua vitória”, publica Le Figaro. A promessa parece estar sendo cumprida, com um projeto de lei que concede aos policiais uma “licença para matar”, reitera o diário.

Segundo Le Figaro, a medida é um dos primeiros passos do governo que assumiu em janeiro, marcado até agora por “confusões, improvisações e recuos”. “Como a decisão de transferir a embaixada do Brasil a Jerusalém, em suspenso devido às ameaças de boicote à carne brasileira por países árabes. Ou a oferta do presidente de instalar uma base americana no Brasil, uma ideia rapidamente abandonada sob pressão dos militares, força importante no governo”, publica o jornal.

Le Figaro ainda ressalta que Bolsonaro está fragilizado pelas investigações abertas na Justiça sobre um dos filhos do presidente, Flavio Bolsonaro, por irregularidades financeiras e suspeito de ter relações com milícias no Rio de Janeiro. Além disso, o jornal destaca o escândalo das candidaturas de laranjas no PSL, durante a campanha eleitoral, com o objetivo de desviar dinheiro público.

Foi do leito do hospital, onde estava internado desde janeiro, que “Jair Bolsonaro reencontrou seu tom de campanha para ‘declarar guerra ao crime organizado’”, afirma a matéria. Para Le Figaro, a atitude soou como “uma doce música para os ouvidos dos eleitores saturados da violência que fez mais de 63 mil mortos em 2017”.

Imunidade total aos policiais

O correspondente do diário no Brasil explica que o projeto de lei tem como alvo as organizações criminosas, inclusive as milícias paramilitares, endurecendo as penas e as condições de prisão. Entretanto, o ponto controverso do texto é o que acorda praticamente imunidade total aos policiais que matam um suspeito em operação. “Agora um juiz poderá reduzir pela metade ou mesmo dispensar pena a um policial que matou diante ‘do medo, da surpresa ou de uma emoção violenta'”, sublinha Le Figaro.

O jornal publica que, embora o ministro Moro tenha declarado que a medida não é “uma permissão para matar”, para o presidente brasileiro não há dúvidas. “Se alguém disser que quero dar carta branca para policial militar matar, eu respondo: quero sim”, afirmou Bolsonaro durante discurso em Manaus em 2017, na época, pré-candidato à presidência.

Le Figaro finaliza a matéria dizendo que o projeto de lei será analisado pela Câmara dos Deputados em breve. No entanto, corre o risco de entrar em colisão com a Reforma da Previdência, aguardada com ansiedade pelos mercados e, segundo o jornal, “uma necessidade depois da fraca apresentação do presidente Bolsonaro diante de milhares de investidores no Fórum de Davos”, conclui.

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