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Brasil/Eleição 2018

Le Figaro: Exército está de olho na decisão do STF sobre futuro de Lula

A imprensa francesa dá destaque às manifestações ocorridas ontem à noite no Brasil para pedir a prisão do ex-presidente Lula. A mobilização anti-Lula é forte, assinala o jornal Ouest France nesta quarta-feira (4), um dos maiores do país. Le Figaro destaca o comentário inadequado do comandante do Exército, general Eduardo Villas Boas, que gerou críticas na medida em que militares não deveriam comentar as decisões dos poderes civis constituídos.

Manifestação anti-Lula no Rio de Janeiro defende o encarceramento do ex-presidente.
Manifestação anti-Lula no Rio de Janeiro defende o encarceramento do ex-presidente. REUTERS/Ricardo Moraes
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Vários sites de informação franceses relatam o ambiente febril no Brasil na véspera da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o habeas corpus apresentado pela defesa do petista, a fim de evitar que Lula seja preso na sequência da condenação em segunda instância.

Le Monde afirma que o destino de Lula está nas mãos da ministra Rosa Weber. Já o conservador Le Figaro retoma um despacho da agência britânica Reuters, mostrando como a cúpula militar se posicionou. O comandante do Exército, general Eduardo Villas Boas, escreveu no Twitter que "o Exército brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à democracia, bem como se mantém atento às suas missões institucionais". A declaração, conta a Reuters, provocou vivas reações. O deputado Chico Alencar reagiu no Twitter dizendo que "numa democracia, um chefe militar não tem nada a dizer aos dirigentes da República".

A Reuters lembra que Lula nega as acusações de corrupção e acusa a Justiça de tentar barrar sua candidatura a um novo mandato. "Ele prometeu se candidatar mesmo estando preso", cita o texto.

Tanto a Reuters quanto a agência de notícias francesa AFP publicam reportagens das manifestações anti-Lula em capitais brasileiras. "Só em São Paulo, sete carros de som animavam a multidão concentrada ao longo da Avenida Paulista, no centro da cidade, repetindo 'Lula nunca mais'", conta a AFP. "O juiz Sérgio Moro, que no ano passado condenou o ex-presidente a nove anos e meio de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, foi aclamado pela multidão", prossegue o texto. A sentença, confirmada em janeiro pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), eleva a pena de Lula a 12 anos e um mês de reclusão.

"Carisma intacto"

Apesar das condenações, o carisma de Lula continua intacto para uma parte da população brasileira, observa a AFP, explicando que o petista tem o reconhecimento de milhares de brasileiros que saíram da miséria graças aos programas sociais implementados em seus dois governos. "As manifestações anti-Lula desta terça-feira (3) reuniram um outro público: a maioria eram brasileiros brancos, das classes média e alta, vestidos com camisetas verde-amarelas da seleção brasileira de futebol", destaca a AFP.

Se o pedido de habeas corpus for aceito pela maioria dos 11 magistrados do STF, o caso pode se arrastar por anos e Lula poderia continuar fazendo pré-campanha. Mas se for rejeitado, o líder do PT, de 72 anos, pode ser preso para começar a cumprir a pena relacionada ao processo do tríplex no Guarujá, que Moro afirma ter sido uma propina da empreiteira OAS.

Qualquer que seja a decisão do STF, ela terá enorme repercussão sobre as eleições, que aparecem como as mais indefinidas desde o retorno do Brasil à democracia, em 1985.

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