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Música/Crítica

Show de Gil, Gal e Nando Reis é uma reação à crise brasileira, diz Libération

O jornal Libération desta terça-feira (13) elogia “Trinca de Ases”, o show que reúne Gilberto Gil, Gal Costa e Nando Reis, e que será apresentado no próximo sábado (17), em Paris. “Trinca de ases e luta de classes” é o título do artigo assinado pelo critico Jacques Denis.

O jornal francês Libération desta terça-feira (13), traz artigo sobre "Trinca de ases", o show que reúne Gilberto Gil, Gal Costa e Nando Reis, em cartaz nesta semana em Paris.
O jornal francês Libération desta terça-feira (13), traz artigo sobre "Trinca de ases", o show que reúne Gilberto Gil, Gal Costa e Nando Reis, em cartaz nesta semana em Paris. Fotomontagem liberation.fr
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O texto explica que os três músicos resolveram fazer o trio em 2016, em comemoração ao centenário de nascimento de Ulisses Guimarães, o grande líder da oposição na época da ditadura militar brasileira, mas também em reação à crise política que sacode o país.

Segundo Libération, Nando Reis é o caçula da trinca, comandada por seu mentor Gil. Gal Costa é apresentada como a "doce musa" do emblemático Tropicália, o LP lançado no verão de 1968, com críticas mordazes contra a burguesia e uma abertura radical a todos os estilos musicais. Cinquenta anos mais tarde, este disco manifesto do movimento tropicalista, cofundado por Gil, parece mais atual do que nunca, “neste momento em que um retrocesso ameaça o país desde o golpe institucional que destituiu em 2016 a presidente Dilma Rousseff”, ressalta o jornalista.

O artigo faz um resumo, através da carreira de Gil, da história recente da MPB. Lembra que o músico foi ministro da Cultura do primeiro governo Lula e o segundo negro, depois de Pelé, a integrar um ministério no Brasil. Citando Caetano, apontado com seu alter ego, o texto diz que desde o início Gil “queria criar um movimento para impulsionar as verdadeiras forças revolucionárias da música brasileira, ultrapassando as fronteiras da canção engajada, as elegantes sequências de acordes alternados e a estreiteza do nacionalismo”. Uma ambição que mostra a proximidade estética com Sergent Pepper dos Beatles.

Ícone de uma geração

Dez anos depois da "revolução de seda" que foi a bossa nova, 1968 marcou uma virada na música brasileira. Gil se impôs como o ícone de uma geração que não queria se submeter a uma ditadura nacionalista, cada dia mais repressiva, e ao lado de Caetano foi detido e exilado. Até hoje, o talentoso guitarrista insiste na importância da herança deixada pelo tropicalismo.

O engajamento continua. Agora, homenageando a figura de Ulisses Guimarães, a “Trinca de ases ecoa as palavras de milhões de brasileiros, cansados de décadas de corrupção da classe política e desgastados pelos escândalos em série". A todos, "inclusive aos decepcionados com o PT de Lula, que duvidam mais do que nunca das virtudes da democracia, o pacifista Gil responde, como em 1968, a sua maneira, com um violão na mão”, afirma o jornal Libération. O disco live, resultado da turnê brasileira do trio, é uma forma de resistência a qualquer tentação de um retrocesso, enquanto o exército voltou às ruas do Rio de Janeiro desde 16 de fevereiro, compara o jornal.

O show de Gil, Gal Costa e Nando Reis em Paris acontece no próximo sábado, 17, na sala de espetáculos Seine Musicale.

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