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Berlinale/Cinema

Cineasta brasileiro faz público da Berlinale descobrir Cordisburgo

O Festival Internacional de Cinema de Berlim é conhecido por abrir portas para o cinema autoral, inclusive com produções que nem sempre vem dos grandes centros urbanos. É o caso do curta-metragem brasileiro Alma Bandida, de Marco Antônio Pereira. O filme, que concorre na mostra "Shorts Berlinale", foi rodado no interior de Minas Gerais.

O cineasta Marco Antonio Pereira apresenta seu segundo curta na Berlinale
O cineasta Marco Antonio Pereira apresenta seu segundo curta na Berlinale RFI
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Enviado especial a Berlim

Com exceção dos fãs de Guimarães Rosa, pouca gente sabe onde fica Cordisburgo. Ainda mais nos corredores da Berlinale, um dos maiores festivais de cinema do mundo. Porém, a cidade do interior de Minas Gerais onde nasceu o autor de Grande Sertão : Veredas, ganha esta semana uma vitrine internacional, já que é palco do filme Alma Bandida, segundo trabalho de Marco Antônio Pereira. O diretor faz parte do seleto grupo de 22 filmes vindos de 18 países, escolhidos para concorrer na categoria oficial de curtas do evento alemão.

“Como vários cineastas, eu sempre sonhei em lançar um filme em um dos maiores festivais do mundo. Então estar aqui é a realização de um sonho, não só para mim, mas para muitas pessoas que estão a meu redor”, comentou o jovem diretor no primeiro dia da Berlinale, na véspera da projeção de seu filme para o público. “As vezes eu me pego pensando: será que isso aqui é realidade mesmo?”, relata o cineasta, que já havia participado do Festival de Tiradentes, em Minas Gerais, mas nunca havia apresentado seu trabalho fora do Brasil.

Mas porque Cordisburgo? “As pessoas que moram naquela cidade são muito especiais. É como se o ar de Cordisburgo tivesse um encanto que nos inspira”, afirma, poético. Aliás, Pereira conta que Alma Bandida faz parte de uma série de cinco curtas que ele pretende rodar na cidade de cerca de 10 mil habitantes. É também na região que o diretor pilota projetos sociais, como oficinas móveis de cinema e dispositivos para instigar a vocação artística da população local.  

Um filme híbrido e cheio de metáforas

Alma Bandida é um filme que se define como experimental, misturando imagens tradicionais e algumas passagens tiradas de vídeo game, além de uma pincelada de vídeoclipe. Na tela, o diretor conta a história de um jovem cordisburguense que tenta impressionar a namorada e diz que vai comprar um carro. “Como na cidade não tem muitas oportunidades de trabalho, ele vai se dedicar ao garimpo, procurando cristais na selva, algo muito comum na região”, conta Pereira.

“Só que a trama é muito mais que isso. É uma metáfora visual sobre várias questões”, teoriza o diretor. “Eu criei o filme para ser uma metáfora sobre o brasileiro, que sofre com as crises como se estivesse caindo em um buraco. Alma Bandida começa, inclusive, com um rapaz se levantando, e que simboliza o Brasil e os brasileiros, que nunca deixam de lutar. Como todos os meus amigos que são honestos e acordam cedo e lutam por seus sonhos”, expõe o cineasta.

Cena do filme Alma Bandida
Cena do filme Alma Bandida Marco Antônio Pereira/ Berlinale 2018

Filme custou menos de R$ 2 mil

Esse jogo de cintura, aliás, se sente na produção. Como muitos curtas de início de carreira, o filme conta com um pequeno orçamento (cerca de R$ 1.200), o que levou Pereira a fazer praticamente tudo em Alma Bandida: das filmagens à edição, passando pela pós-produção e até a promoção do projeto, que é projetado para o público nesta sexta-feira (16).

Além disso, Pereira desembarcou na capital alemã com um novo projeto na mala. “Trata-se de Teoria sobre um planeta estranho, filme já gravado e editado. Falta apenas a pós-produção. Eu espero já conversar como vários programadores aqui na Berlinale para tentar lançar esse filme em outros festivais”, anuncia o diretor, otimista.

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