Le Figaro destaca o fracasso de Temer ao adiar reforma da Previdência
O jornal Le Figaro desta quarta-feira (27) fala de economia brasileira e do que considera o maior fracasso do presidente brasileiro Michel Temer em 2017 . "Por falta de maioria, Brasil adia a crucial reforma da Previdência" é a manchete de uma matéria publicada pelo diário que chegou às bancas nesta manhã.
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"Será que essa é uma meia-volta antes da desistência?", pergunta Le Figaro, explicando que esse é o maior medo dos mercados, depois que o governo brasileiro anunciou recentemente o adiamento do voto na Câmara dos Deputados da emblemática reforma da previdência. Uma decisão que, segundo o correspondente do jornal no Rio de Janeiro, Michel Leclercq, fragiliza ainda mais a lenta saída da recessão que vive o Brasil.
Le Figaro destaca que o "extremamente impopular" presidente Michel Temer, "que escapou duas vezes de um processo por corrupção", fez de tudo para que os deputados votassem a reforma antes do fim do ano. No entanto, ao fazer os cálculos, o peemedebista se deu conta que não teria os 308 votos necessários para aprovar a medida, ou seja, três quintos da Câmara. Diante de um fracasso anunciado, ele preferiu adiar o voto para depois do verão e do Carnaval, "um período de festa no qual o Brasil para", escreve o diário.
Le Figaro destaca que as agências de notação financeira já avisaram que vão baixar a nota do Brasil, caso a votação da reforma seja adiada para além de fevereiro. "O déficit do regime das aposentadorias aumenta a cada ano - subiu mais de 50% em 10 anos e chegou a 2,8% do PIB em 2017. Para o jornal, essa trajetória é insustentável e ameaça o equilíbrio das contas do país.
52 milhões de brasileiros na miséria
Le Figaro destaca que, apesar da leve recuperação da economia - previsão de crescimento de 1% em 2017 e inflação abaixo dos 3% -, para os brasileiros, a crise continua. O índice de desemprego gira em torno de 12% e 52 milhões de brasileiros - um quarto da população - vive na miséria, com uma renda de menos de € 100 por mês (cerca de R$ 380).
"Para o FMI, as incertezas políticas são o principal risco às reformas e à recuperação econômica", destaca o jornal. A oito meses das eleições presidenciais e com os dois principais candidatos - Lula e o ex-militar da extrema-direita Jair Bolsonaro -, se posicionando contra as reformas propostas pelo governo Temer, os deputados temem perder eleitores caso aprovem a reforma da Previdência.
Le Figaro destaca uma declaração do presidente do Banco Central do Brasil, Gustavo Loyola, sobre o impasse. Para ele, o fracasso do governo é o espelho de um país fracassado. "Se o cenário já foi complicado em 2017, ele será ainda pior em 2018", conclui Loyola.
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