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Prisão domiciliar de Marcelo Odebrecht é "gaiola de ouro", critica Les Echos

O jornal Les Echos desta quarta-feira (20) dedica dois artigos ao Brasil. O primeiro sobre a retomada do crescimento econômico do país e o segundo sobre a prisão domiciliar de Marcelo Odebrecht. Os dois textos são assinados pelo correspondente do jornal econômico francês em São Paulo, Thierry Ogier.

Marcelo Odebrecht chega a sua casa, no bairro do Morumbi, em São Paulo, nesta terça-feira 19 de dezembro de 2017.
Marcelo Odebrecht chega a sua casa, no bairro do Morumbi, em São Paulo, nesta terça-feira 19 de dezembro de 2017. REUTERS/Leonardo Benassatto
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“O Brasil está em pane de reformas, mas se beneficia da volta do crescimento”, diz o primeiro título. A economia do país deve crescer 1,1% este ano e 3% em 2018, apesar do fracasso do governo em conseguir votar a reforma da Previdência, detalha o texto.

O adiamento desta reforma, que é a principal medida do programa de austeridade, não é o único revés de Brasília, mas o ministro da Fazenda Henrique Meirelles, tenta insuflar uma onda de otimismo neste final de ano. Após dois anos de recessão, o país cresce mais do que o previsto graças à política monetária adotada pelo Planalto, comemora Meirelles.

O otimismo é compartilhado por vários economistas, garante Les Echos, principalmente porque a inflação parece sob controle, o excedente da balança comercial está em alta, assim como os investimentos. No entanto, a confiança dos consumidores e das empresas pode se dissipar em caso de paralisia das reformas no incerto ano eleitoral de 2018, adverte o jornal. Meirelles, que é candidato potencial à presidência, quer aprovar a impopular reforma da previdência no início do ano.

Privilégio de rico

Sobre a libertação de Marcelo Odebrecht, o jornal informa que o patrão da construtora finalmente conseguiu sair da prisão para cumprir o resto de sua pena em casa. Irônico, o correspondente do Les Echos diz que o herdeiro da dinastia Odebrecht, no centro do maior escândalo de corrupção do Brasil, voltou para casa a bordo de seu jatinho privado. Sua prisão domiciliar vai acontecer em uma mansão, em um bairro chique de São Paulo. Após dois anos na cadeia, em Curitiba, ele vai poder passar o primeiro Natal com a mulher e os três filhos. Se se comportar bem, poderá cumprir o resto da pena de dez anos em liberdade condicional.

Os brasileiros assistiram a esse novo capítulo da novela Odebrecht "com um misto de curiosidade e de cinismo", afirma o diário. Como o jovem milionário, que criou na construtora um verdadeiro departamento para pagar propinas, pôde, aparentemente, se livrar tão rapidamente? Primeiro, ele colaborou, assinando um acordo de delação premiada. Segundo, pagou uma multa de mais de € 2 bilhões, mais de R$ 7,5, bilhões, aos governos do Brasil, Estados Unidos e Suíça.

Os contrastes chocam, diz o correspondente. O tratamento reservado aos criminosos de colarinho branco não tem nada a ver com a realidade do sistema penitenciário no Brasil. Atualmente, mais de 700 mil detentos lotam as prisões insalubres do país que oficialmente só possuem 370 mil lugares. O Brasil ainda permite que os criminosos com diploma superior tenham melhores condições de detenção, um privilégio que já beneficiou Marcelo Odebrecht antes dele ir para sua “gaiola de ouro”, conclui o artigo.

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