Acessar o conteúdo principal

Temer ganha tempo, mas perícias de áudio são contraditórias

Para o perito Ricardo Molina, contratado pela defesa de Michel Temer, gravação deveria ser considerada “imprestável” desde o primeiro momento. Peritos contratados por jornais brasileiros divergem: o áudio gravado por Joesley Batista pode ter 50 momentos de edição ou mesmo nenhum.

Presidente Temer durante reunião com ministros e líderes da base aliada no Palácio da Alvorada-Brasília – DF, 21/05/2017
Presidente Temer durante reunião com ministros e líderes da base aliada no Palácio da Alvorada-Brasília – DF, 21/05/2017 Foto: Marcos Corrêa/PR
Publicidade

Luciana Marques, correspondente da RFI em Brasília

Os advogados do presidente Michel Temer desistiram do pedido de suspensão da investigação contra ele, depois da presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, anunciar que só levaria o caso a plenário após perícia do áudio. Mas enquanto a conclusão oficial não sai, as versões sobre a autenticidade da gravação realizada pelo dono da JBS, Joesley Batista, são completamente distintas.

A defesa de Temer convocou a imprensa na noite de segunda-feira (22) para dar explicações sobre o caso. O perito contratado pelos advogados, Ricardo Molina, desqualificou a gravação e disse que ela não deve servir de prova, pois tem cortes, ruídos e trechos ininteligíveis. “É uma gravação absolutamente esburacada”, afirmou. Para ele, o material deveria ser “jogado no lixo”.

Molina ainda criticou a postura da Procuradoria-Geral da República (PGR), que usa o material como uma das provas contra o presidente. “A Procuradoria é ingênua e incompetente. Isso é coisa de leigo”, declarou.

Após pedido do ministro Edson Fachin, a PGR encaminhou ofício a Polícia Federal para que o Instituto Nacional de Criminalística responda a 16 quesitos sobre a gravação, que envolvem questões relativas a interrupções, supressões de trechos, equipamento utilizado, etc. O instituto também fará perícia no gravador usado por Joesley. A empresa JBS nega qualquer edição no áudio.

Para OAB, houve crime de responsabilidade

Independentemente de eventual edição ou não no áudio, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) diz que Temer não desmentiu a conversa, o que já comprova o crime de responsabilidade.

“Em momento algum ele nega o conteúdo da conversa, em momento algum desqualifica o que foi dito na conversa”, disse o presidente da OAB, Claudio Lamachia. “Se o presidente sabia que ele estava diante de um interlocutor fanfarrão e um delinquente, primeiro o presidente não deveria nem o ter recebido”. Em pronunciamento no sábado (20), Temer disse que Joesley se utilizou de “fanfarronice”.

A OAB deve encaminhar à Câmara dos Deputados um pedido de impeachment ainda esta semana, após decisão de seu conselho. Políticos da oposição engrossaram a tese da OAB. “A gravação pode ser um componente no processo, mas focalizar apenas ela como prova é subestimar nossa inteligência”, disse o senador Alvaro Dias, do PV.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.