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"O pior já passou", diz ministro Blairo Maggi sobre crise da carne brasileira

O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, acredita que o pior do escândalo provocado pela denúncia do uso de substâncias para mascarar produtos de origem animal inaptos ao consumo humano ficou para trás. Em entrevista exclusiva à AFP, nesta quinta-feira (23), Maggi comentou os principais pontos relativos ao escândalo que desencadeou a Operação Carne Fraca.  

Ministro da Agricultura do Brasil, Blairo Maggi, estima que setor da carne pode perder US1,5 bilhão com a crise
Ministro da Agricultura do Brasil, Blairo Maggi, estima que setor da carne pode perder US1,5 bilhão com a crise Reuters/Adriano Machado
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O caso deixou a população brasileira em alerta e fechou os principais mercados importadores de carne nacional ao revelar um esquema envolvendo inspetores sanitários corrompidos por frigoríficos e negócios bilionários, enquanto o país atravessa uma crise de credibilidade desde o escândalo do Petrolão e o início da Operação 'Lava Jato'.

Maggi assegura que a carne brasileira não representa riscos sanitários e considera que o setor pode perder US$1,5 bilhão em vendas.

"Em nenhum momento tivemos acusações sobre a qualidade dos produtos"

Comentando o estado atual da crise, o ministro afirmou: "Vivemos uma crise no Brasil pela divulgação da operação Carne Fraca para desbaratar e tirar de circulação alguns indivíduos, alguns servidores públicos que foram corrompidos. Mas em nenhum momento tivemos acusações relativas à qualidade dos produtos, principalmente aqueles que nós exportamos. Neste momento, nossa grande preocupação é separar essas duas coisas: mostrar que a produção brasileira está bem, é forte, e que as pessoas envolvidas já foram afastadas, foram demitidas, e vão responder a processos conforme a legislação brasileira.

Indagado se ainda teme que novos mercados se fechem ao Brasil, Maggi acredita que a parte aguda do processo já passou. "Os países estão tendo boa vontade, estão entendendo todos os processos de anos e anos de comércio que construímos, somado ao fato de que os próprios importadores também nos auditam, assim eles têm a certeza de que nossos processos são bons".

Sobre o risco de alguns dos lotes de carne questionados pela polícia terem saido do Brasil, o ministro respondeu que só havia uma planta (das 21 investigadas) que ainda estava exportando e que já foi pedida a devolução de todos os contêineres que estavam em trânsito. "Não há risco de que um país receba os produtos que foram embarcados recentemente dessas 21 plantas sob investigação", relatou.

Em uma coletiva de imprensa, Maggi explicou que existem 5.000 contêineres com produtos de origem animal brasileiros em alto mar, principalmente com mercadorias que não estão sob suspeita, e disse esperar que sejam recebidos.

O comissário europeu de Saúde e Segurança Alimentar, Vytenis Andriukaitis, anunciou que vai ao Brasil para discutir com as autoridades locais sobre o escândalo da carne adulterada.

Reações dos compradores internacionais

Para o ministro da Agricultura, a reação dos mercados estrangeiros é absolutamente normal e esperada. "Não é possível que um país como o Brasil, que é um grande exportador de alimentos, comunique que tem um problema e que os outros países simplesmente fiquem olhando. Estamos dando as explicações devidas, estamos circunstanciados num problema pontual, local, e queremos levar tranquilidade aos países compradores e aos consumidores domésticos e mostrar que o problema diz respeito à conduta de algumas pessoas e não do processamento de alimentos. Quando se discute o uso de ácidos ou produtos que são prejudiciais para a saúde, que são cancerígenos, isso não é verdadeiro. O que se utiliza na carne é o ácido ascórbico, proteínas, conservantes, são produtos autorizados.

Blairo Maggi também considera que uma das falhas da operação foi o fato de a investigação policial ter começado há dois anos e a população brasileira não ter sido comunicada que havia produtos que estavam sendo produzidos de forma incorreta." Os laudos entregues pela polícia foram muito poucos, apenas um ou dois. Nós não tivemos acesso ao processo como um todo. A Polícia Federal errou na hora da comunicação, exagerou em alguns exemplos e estimulou a imaginação popular: a carne que não presta, ingredientes que não podem ser utilizados. Tudo isso não é verdade, tecnicamente não é possível", observa o ministro, ressaltando que o problema central é de corrupção e de pessoas. "Não vejo neste processo qualquer possibilidade de que haja produtos que possam fazer mal à saúde das pessoas", afirmou o ministro.

 

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