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Estresse e tensão política provocaram morte de Marisa Letícia, diz biógrafa de Lula

Para Denise Paraná, biógrafa oficial do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que conhecia Marisa Letícia Lula da Silva, o contexto político atual e as acusações contra o casal teriam influenciado o estado de saúde da ex-primeira-dama. A escritora associa a tensão sofrida nos últimos meses ao AVC (Acidente Vascular Cerebral) hemorrágico e à morte cerebral declarada nesta quinta-feira (2).

Marisa Letícia, fotografada ao lado de Lula em outubro de 2016
Marisa Letícia, fotografada ao lado de Lula em outubro de 2016 REUTERS/Paulo Whitaker
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Segundo a autora de "A História de Lula: O Filho do Brasil", Marisa Letícia já havia sido diagnosticada, há dez anos, com um quadro que poderia resultar em um AVC. No entanto, ela afirma que a pressão que a ex-primeira-dama tem enfrentado teria potencializado sua situação. “Ela estava muito angustiada e profundamente estressada e chocada com tanta injustiça, com tantas pessoas virando as costas e com tanta traição. Com toda certeza, esse AVC e sua morte foram causados por esse estresse profundo e esse desgosto”, comenta a escritora, que afirma ser a única a ter entrevistado Marisa Letícia para a realização de uma biografia.

“Eu digo que isso potencializou a doença dela sem dúvida nenhuma, pois ela estava muito tensa”, insiste, em referência às acusações de crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro contra ela e o marido. “Dificilmente uma pessoa aguenta tanta tensão, pois eles eram bombardeados dia e noite”, relata. Para a autora, até mesmo a maneira como seu estado de saúde vinha sendo noticiado só piorava a situação. “Nesses últimos dez dias, quando a grande imprensa dava notícias sobre a doença dela, a cada instante, no corpo das matérias, sempre lembravam que ela estava sendo processada. Ela não teve um segundo de alívio”, analisa.

“Todos tinham medo da Marisa”

A biógrafa explica que a ex-primeira-dama influenciou muito Lula durante as mais de quatro décadas de vida em comum. “Ela teve um papel importante no plano político”, mesmo se “nunca entrava no gabinete do ex-presidente” e, segundo a escritora, não sabia dos detalhes dos projetos tratados pelo marido. Porém, “tinha muita intuição e dizia coisas do tipo ‘essa pessoa não presta’, ‘isso não vai dar certo’ ou ‘eu não ponho fé em tal ou tal coisa’”, conta Denise.

No entanto, de acordo com a autora, Marisa Letícia “não era uma pessoa que tinha vaidades intelectuais ou interesses intelectuais” e um de seus principais papéis era preservar a vida pessoal do ex-presidente. “Era ela quem tirava Lula das reuniões. Várias vezes ele estava cercado, com a casa cheia de jornalistas ou assessores, e ela expulsava todos”, relembra Denise. “Marisa era muito brava. Ela fazia isso rindo e todos obedeciam. Esse era o único jeito do Lula ficar só com a família. E ele adorava, pois era sempre o bonzinho e ela era sempre a chata da história”, comenta. “Todos tinham medo da Marisa”, finaliza.
 

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