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Crise do Rio é resultado de leviandade, diz Moreira Franco

Presente em Paris nesta segunda-feira (21) para o Fórum Econômico Brasil-França, Wellington Moreira Franco (PMDB), secretário-executivo do Programa de Parcerias de Investimentos, disse que a grave crise econômica que enfrenta o Estado do Rio de Janeiro é resultado de "leviandade" do governo.

Moreira Franco, secretário-executivo do Programa de Parcerias de Investimentos
Moreira Franco, secretário-executivo do Programa de Parcerias de Investimentos Divulgação
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"A situação é muito grave, gravíssima. Na última década foi praticado tudo o que não se deve. O que vale para as pessoas também vale para os governos, não se deve gastar mais do que se ganha. Os governos têm que ficar atentos ao equilíbrio fiscal, à responsabilidade fiscal. Isso tudo foi empurrado e tratado de maneira muito leviana", afirmou em entrevista à RFI Brasil o ex-governador do Estado (1987-1991).

"O governo do Rio fez as suas projeções de gastos em cima de variáveis sobre as quais não tem a menor governança. O preço do barril de petróleo é volátil, é cíclico, sobe e desce. Evidentemente nenhuma prefeitura e nenhum governo estadual com o mínimo de senso de responsabilidade fiscal pode fazer projeção para o ano seguinte com preço de barril, pois não vai se realizar. O governo chegou a gastar com o barril a mais de US$ 100, quando o preço foi de apenas US$ 50."

Moreira Franco disse ainda que outra razão para a crise é "o excesso de servidores, de contratações, de aumento de pessoal em função de questões eleitorais". "Chega uma certa hora que explode."

Lençóis para proteger os presos

Sobre a prisão dos ex-governadores do Rio Sérgio Cabral e Anthony Garotinho, ele disse que não é "polícia" para comentar, mas acha que houve um descuido na exposição das imagens que circularam na imprensa e nas mídias sociais - como o vídeo em que Garotinho resiste à transferência para o presídio de Bangu, deitado em uma maca, e as fotos de Cabral com o cabelo raspado.

"Não é só no Brasil que acontece. Fatos como esse têm um certo glamour. Em alguns países, eles são mais precavidos, as regras de respeito são mais consolidadas, então colocam lençóis para evitar a exposição da imagem. Em outros, são menos, porque está se começando a ter essa experiência agora. Mas eu creio que, com o tempo, os problemas dessa natureza, que são menores, acabam sendo resolvidos", disse.

Moreira Franco foi citado em relatório da Polícia Federal elaborado para a Lava Jato. Segundo a investigação, ele trocou uma série de mensagens de celular para tratar do leilão do Aeroporto Internacional de Confins, em Minas Gerais, com o presidente afastado da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo.

Para agentes federais, há suspeita de acertos prévios nas concessões de aeroportos realizados no governo Dilma Rousseff – o plano movimentou um montante total de R$ 45 bilhões. As mensagens foram trocadas, de acordo com relatório da PF, entre 2013 e 2014. A força-tarefa apura se o esquema de corrupção da Petrobras foi reproduzido em outros setores, como o de transportes.

Moreira Franco disse que, “como responsável pela área, conversou com todos os potenciais interessados em participar dos leilões de concessão”.

Caso Geddel Vieira Lima

Sobre as recentes acusações contra o ministro da Secretaria de Governo da Presidência da República, Geddel Vieira Lima, também do PMDB, Moreira Franco disse que "o presidente Michel Temer está tratando da questão". "Ele está muito preocupado, certamente haverá de encontrar uma solução que sirva ao governo e sobretudo ao país."

O ex-ministro da Cultura Marcelo Calero relatou ter sido pressionado por Geddel para atuar junto ao Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) para liberar um empreendimento de luxo em Salvador, cujos imóveis estão avaliados em R$ 4,5 milhões cada.

Caso seja demitido pelo presidente Michel Temer, Geddel pode cair nas mãos do juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba (PR). Ele já foi citado pelo delator Lucio Funaro, ligado ao ex-deputado Eduardo Cunha e que chamou o atual ministro de “boca de jacaré”.

O peemedebista corre risco porque, em caso de demissão, perderia o foro privilegiado   benefício concedido a autoridades do Executivo Federal e parlamentares da Câmara e do Senado que lhes confere o direito de ser julgados apenas pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

"PMDB não é organização criminosa"

Perguntado se a prisão de Cabral e as acusações contra Geddel mancham a imagem do PMDB, Moreira Franco diz que "o partido não se organizou para cometer delitos".

"Algumas pessoas são acusadas, investigadas, presas dentro das regras legais. Do ponto de vista das últimas denúncias, elas existem e têm que ser enfrentadas. É um ambiente de melhoria das práticas de governança, que tenham mais transparência, que haja regras com valores bem definidos, que os limites sejam bem postos. Isso tudo está sendo construído."

Segundo ele, "o mundo já avançou, isso chegou ao Brasil recentemente". "Mas, felizmente, nós estamos passando a limpo, envolvendo políticos de expressão, empresas de grande porte, empresários de grande prestígio. As apurações estão sendo feitas, alguns estão sendo presos. Outros foram condenados, outros foram absolvidos. É assim que se constrói".

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