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Impeachment/Dilma

Choro e críticas marcam embate da acusação e defesa de Dilma no Senado

A terceira e última fase do processo de julgamento do impeachment da presidente Dilma Rousseff começou nesta terça-feira (30) com as considerações finais da defesa e da acusação no plenário do Senado. Ao pedir desculpas à presidente pelo sofrimento causado ao oferecer o pedido de afastamento, a advogada Janaína Paschoal foi alvo de críticas por parte do advogado da presidente afastada, que chorou ao revelar sua indignação.

Senadores acompanham o pronunciamento do advogado José Eduardo Cardozo.
Senadores acompanham o pronunciamento do advogado José Eduardo Cardozo. REUTERS/Adriano Machado
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Do enviado especial a Brasília,

A advogada Janaína Paschoal abriu a sessão reafirmando sua convicção de que a presidente Dilma deveria ser afastada de maneira definitiva do cargo pelo crime de responsabilidade previsto na Constituição. Ela voltou a acusar a chefe de Estado de ter comandado as “pedaladas fiscais”, como foram chamados os atrasos de repasses a bancos públicos, e também de ter editado três decretos de suplementação orçamentária sem autorização do Congresso.

De Brasília, Élcio Ramalho

Janaína Paschoal elogiou a vinda da presidente ao Senado para responder aos senadores e se emocionou no final ao dirigir uma mensagem à Dilma Rousseff. “Eu sei que, embora não tenha sido meu objetivo, eu lhe causei sofrimento, e peço que ela, um dia, entenda que eu fiz isso também pensando nos netos dela”, afirmou, entre lágrimas.

Também coautor do pedido de impeachment, o jurista Miguel Reale Jr. criticou duramente a presidente pelos atos administrativos que embasaram o pedido de impeachment e disse que a ação tem o objetivo de mostrar que o Brasil, além de país com um povo gentil e generoso, deve mostrar que também tem  seriedade e responsabilidade no cumprimento das leis.

O advogado de defesa da presidente, José Eduardo Cardozo, foi à tribuna pedir para que os senadores julguem baseados nos autos e não por motivações políticas. Ele expôs as dificuldades encontradas pela presidente no exercício do mandato para superar a crise econômica no país e atribuiu o pedido de impeachment à vingança do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, investigado pela justiça. 

O advogado José Eduardo Cardozo, defensor da presidente Dilma Rousseff no processo de impeachment.
O advogado José Eduardo Cardozo, defensor da presidente Dilma Rousseff no processo de impeachment. REUTERS/Adriano Machado

Segundo Cardozo, Eduardo Cunha  “simbolizou a união de interesses para desestabilizar politicamente o governo”. Desde que Cunha assumiu o comando da Câmara, o governo Dilma começou a “amargar seus piores dias”, comentou.

“Ela senta de novo no banco dos réus e está sendo condenada porque ousou não impedir investigações sobre corrupção no Brasil”, declarou Cardozo, considerando as denúncias do pedido “pretextos” para cassar o mandato da presidente.

Muito aplaudido ao final de seu pronunciamento, José Eduardo Cardozo saiu abraçado pelos aliados de Dilma Rousseff do plenário e, em entrevista coletiva, ao lembrar do pedido de desculpas de Janaína Paschoal à presidente, declarou, emocionado: “As palavras da acusação foram muito injustas. Quem conhece Dilma Rousseff, pedir condenação para defender seus netos, foi algo que me atingiu muito”.

“Do ponto de vista humano, aquele que perde a capacidade de se indignar, vendo a injustiça, perdeu sua humanidade, por isso me emocionei”, explicou. “Eu achei injusta a menção aos netos. Não condeno alguém dizendo que vou resolver o futuro dos netos. Isso não se faz. Mas cada um é dono de sua razão, de sua verdade e do que acredita”, continuou.

“Não se pode perder a capacidade de se indignar diante da injustiça e de se indignar contra uma ofensiva contra a democracia, como está acontecendo. Isso me dói, mas eu não quero perder nunca esse sentimento ao longo da minha vida”, encerrou, com lágrimas ainda escorrendo pelo rosto.

A advogada Janaína Paschoal chora no final de seu discurso no Senado.
A advogada Janaína Paschoal chora no final de seu discurso no Senado. REUTERS/Adriano Machado

Ao reagir ao comentário de Cardozo, a advogada Janaína declarou: “Todo ser humano está sujeito a críticas. De repente você pode ter ficado indignado, o doutor Cardozo pode ter ficado indignado, a própria presidente Dilma também. A opinião de cada ser tem que ser respeitada. Eu não estou brigando para dizer que estou certa. Eu falei o que estava sentindo”, afirmou.

 

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