Após queda de ministro, Calheiros defende mudanças na lei de delação premiada
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Há pouco mais de um mês no poder, o presidente interino Michel Temer se viu obrigado a demitir o terceiro ministro do governo citado na operação Lava Jato: Henrique Alves, que era titular da pasta de Turismo.
Luciana Marques, correspondente da RFI em Brasília
Desde os primeiros dias do governo, aliados questionavam a permanência de Alves no ministério, por ser investigado na operação Lava Jato. Michel Temer manteve o peemedebista no cargo o quanto pôde. Mas já sabia que novos fatos da investigação poderiam derrubar o ministro a qualquer momento.
A queda era esperada e inevitável. Temer acertou a saída de Henrique Alves pessoalmente num encontro entre os dois um dia antes do anúncio oficial. Em carta de demissão, o ministro disse que não queria criar constrangimentos para o governo.
A queda foi provocada pelas as gravações do delator Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro estremeceu a Esplanada dos Ministérios. Ele disse ter repassado mais de um milhão e meio de reais para campanhas de Henrique Alves, por meio de propina de empresas que tinham contrato com a Transpetro. Machado também citou pagamentos para o presidente do Senado, Renan Calheiros, e outros parlamentares de partidos como PSDB, PT, DEM e PC do B.
Michel Temer também foi citado. Machado conta na delação que, em conversa com Temer na Base Aérea de Brasília, o presidente pediu recursos para a campanha de Gabriel Chalita à prefeitura de São Paulo. Temer convocou a imprensa para dizer que a declaração do ex-presidente da estatal é irresponsável, leviana, mentirosa e criminosa. Mas admitiu que a delação pode embaraçar a atividade governamental .
Reação no Congresso
No Congresso, parlamentares disseram que as denúncias minam a credibilidade do governo e confirmam o erro na escolha de ministros investigados na operação Lava Jato. Diante de tanta denúncia de corrupção, o senador João Capiberibe, do PSB, defendeu a realização de um plebiscito nacional sobre a realização imediata de novas eleições para presidente e vice-presidente da República.
Já os aliados de Temer disseram que a demissão de mais um ministro confirma a disposição do governo em afastar citados em escândalos de corrupção. Renan Calheiros, que também é investigado, defendeu mudanças na lei de delação premiada. Ele também fez um apelo para que parlamentares apoiem medidas do governo para tentar combater a crise econômica.
Novos ministros podem cair
Como há mais ministros citados na Lava Jato, a fila ainda pode andar. Michel Temer só não tem levado em consideração manifestações de servidores da empresa pública de comunicação, a EBC, e do Ministério da Transparência, que substituiu a extinta Controladoria-Geral da União.
Na quinta-feira (16), servidores entraram com uma representação na Comissão de Ética da Presidência da República contra o ministro da Transparência, Torquato Jardim. Ele afirmou que os ocupantes de cargos comissionados deveriam pedir exoneração em caso de incompatibilidade política com o governo.
Os servidores alegam que o anúncio representa assédio moral e ameaça velada. Mas o Palácio do Planalto diz que não aceita chantagem de funcionários e que o critério para escolha de ministro é pessoal e com base na competência.
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