Temer e Meirelles: uma dupla para salvar o Brasil, diz Les Echos

A edição desta terça-feira (17) do diário econômico Les Echos traz um artigo e um editorial sobre a dupla que quer salvar o Brasil. Em chamada de capa, o jornal informa que o presidente interino, Michel Temer, vai se apoiar em Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central do governo Lula, para recuperar o país.

"A dupla que quer salvar o Brasil" é o título da chamada de capa do diário econômico Les Echos. REUTERS/Ueslei Marcelino

O novo ministro da economia brasileiro já recebeu a bênção dos mercados, aponta o texto. Seu primeiro objetivo é restabelecer a confiança para tranquilizar os investidores e iniciar as reformas indispensáveis. Como outros meios de comunicação franceses, Les Echos fala mais em "destituição" do que em afastamento de Dilma, como se o resultado final do processo de impeachment já fosse dado como certo.

O artigo do correspondente do jornal, Thierry Ogier, afirma que "em meio à recessão e ao drama da destituição de Dilma", Meirelles está na frente de batalha para lutar contra os desequilíbrios orçamentários e inverter a tendência do aumento da dívida pública.

O texto é elogioso e dá crédito aos primeiros anúncios feitos por Meirelles, como a reforma da aposentadoria, do código do trabalho e o aumento de impostos. Os analistas e investidores entrevistados pelo jornal aplaudem as propostas. "Temer acertou em cheio" ao escolher o veterano Meirelles como ministro da economia, afirma o jornal.

Recuperar o Brasil é um desafio colossal

Em seu editorial, ilustrado com uma charge do presidente interino indo encher uma bola de futebol do Brasil murcha e remendada, o correspondente diz que "o desafio de Temer para recuperar o Brasil é colossal". O presidente interino cultiva uma imagem de conciliador e "tem apenas dois anos", até as eleições presidenciais de 2018, para provar suas boas intenções. Enquanto isso, otimistas, os economistas ja reveem suas previsões de crescimento para cima. Alguns deles até apostam em uma recuperação a partir do ano que vem, garante o texto.

Mas a corrupção e suas consequências inesperadas ainda pairam sobre o país. O escândalo da Petrobras revelou as relações perigosas entre os políticos, alguns deles próximos de Termer e das empresas públicas. E novas revelações comprometedoras poderiam envenenar a vida do novo governo. O diário questiona qual seria, nesse momento, a reação do governo. Temer prometeu ser transparente, mas, desconfiados, os brasileiros aguardam na espreita, diz Les Echos.