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Comissão do Senado aprova relatório contra Dilma

Por 15 votos contra 5, a comissão especial do impeachment do Senado aprovou o relatório do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) a favor da abertura de processo de investigação contra a presidente brasileira Dilma Rousseff. O caso segue para análise do plenário no próximo dia 11.  

Senado aprova relatório contra a presidente Dilma Rousseff por 15 votos a 5 nesta sexta-feira, dia 6 de maio de 2016.
Senado aprova relatório contra a presidente Dilma Rousseff por 15 votos a 5 nesta sexta-feira, dia 6 de maio de 2016. Geraldo Magela/Agência Senado
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Luciana Marques, correspondente da RFI em Brasília

O líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), disse que todo processo de impeachment é traumático e que este também seria. “Hoje somos todos Anastasia, somos todos Brasil”, declarou. Mas o senador Anastasia também ouviu críticas. O senador Telmário Mota (PDT-RR) afirmou que o relatório dele vai entrar para história por ter “rasgado” a Constituição. “Um verdadeiro malabarismo para tentar transformar a mentira na verdade”, declarou. O senador lembrou que Anastasia também é acusado de pedaladas fiscais de quando governava o estado de Minas Gerais. “Espero que não façam o mesmo com ele” declarou, provocando revolta da oposição. Mota retrucou: “Aqui ninguém vai me ganhar no grito. Quem fala o que quer ouve o que não quer. A verdade machuca”. O relator rebateu, ao final, as críticas que recebeu de senadores, chamando-as de “insignificantes, desprezíveis e resultado de mau-caratismo”.

Críticas ao processo

A petista Gleisi Hoffman (PR) disse que a presidente Dilma enfrentou “gente grande” e “corporações fortes”. Ela citou a classe médica, que se revoltou contra o programa Mais Médicos, para contratação de profissionais cubanos ao Brasil. Gleisi também criticou a imprensa brasileira. “Houve uma campanha midiática de desconstrução nunca vista neste país, sendo atingida principalmente sua condição de ser mulher”, declarou. “A política não tolera mulheres no comando”. Já a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) afirmou que a imprensa internacional trata esse processo como um golpe.

Também houve críticas na comissão ao projeto Plano para o Futuro, do vice-presidente Michel Temer. O senador Lindberg Farias (PT-RJ) afirmou que o motivo do “golpe” é tirar os direitos dos trabalhadores, com o fim da política de valorização do salário mínimo e a privatização do pré-sal. “Ninguém seria eleito presidente da República com esse programa”, criticou. “Querem instalação do neoliberalismo no Brasil”. A senadora Simone Tebet (PMDB-MS) rebateu dizendo que há muitos pontos do projeto Plano para o Futuro que precisam ser reformulados, na opinião de senadores do próprio PMDB. “Este não é o projeto de governo do talvez, eventual presidente da República”, disse.

Ex-ministro da Integração Nacional do governo Dilma, o senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE) disse que é preciso avançar no impasse político. E criticou a gestão petista: “Exageraram nas promessas e não tiveram humildade para reconhecer os erros”. Outro ex-ministro, mas do governo Lula, o senador Cristovam Buarque (PPS-DF) disse que votaria pela admissibilidade da proposta, mesmo sem contar com o apoio de parte dos seus eleitores. “Estou rompendo com minhas bases de apoio”, disse.

O senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) afirmou que é preciso resgatar as responsabilidade com a população. “O Democratas, de cabeça erguida, tranquilo, consciente, vota sim”, declarou. Caiado foi um dos deputados federais que votou contra o impeachment de Fernando Collor em 1992. Agora ele diz que “evoluiu” em relação à época de Collor.

A senadora Ana Amélia (PP-RS) encaminhou o voto pelo “sim” com o argumento de que os procedimentos adotados pelo Congresso foram referendados pela Suprema Corte. “O rito desse processo foi definido e consagrado pelo Supremo Tribunal Federal, garantindo à presidente da República todos os direitos de defesa e contraditório. Leis e Constituição estão sendo cumpridas rigorosamente”, afirmou.

Troca de campainha

Logo no início da comissão, os trabalhos foram suspensos depois de um bate-boca entre os senadores Lindbergh Farias (PT-RJ) e Aloysio Nunes (PSDB-SP) sobre uma publicação da equipe do petista na internet sobre o senador Aécio Neves (PSDB-MG). O problema foi que a campainha, instrumento usado pelo presidente da comissão para pedir silêncio aos senadores, não estava funcionando bem. "Vou suspender por cinco minutos enquanto troca essa campanha, porque ela não está à altura desse momento histórico no Brasil", disse o presidente da comissão, Raimundo Lira (PMDB-PB).

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