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Impeachment

Libération questiona quem vai salvar a esquerda no Brasil

O jornal de esquerda Libération dedica nesta sexta-feira (1) quatro páginas de reportagens e análises sobre a crise política e econômica no Brasil. A manchete "Brasil: o fim de um sonho" aparece impressa sobre a imagem da presidente Dilma Rousseff na capa do diário.

Jornal francês Libération traz manchete sobre a crise política no Brasil.
Jornal francês Libération traz manchete sobre a crise política no Brasil. liberation.fr
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A correspondente do Libération em São Paulo, Chantal Rayes, colheu nas ruas depoimentos de brasileiros pró e contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Em seu texto, a jornalista diz que o país está dividido, mergulhado em uma crise política e "moral" sem precedentes. As investigações sobre o escândalo de corrupção na Petrobras trazem diariamente novas denúncias, mas "os defensores de Dilma negam os fatos". O jornal questiona "quem vai salvar a esquerda no Brasil".

Libération destaca que para ocorrer o impeachment de Dilma, ainda falta provar que a presidente cometeu crime de responsabilidade. O processo em andamento na Câmara dos Deputados será político, adverte. "Fica difícil atribuir a insatisfação com o governo exclusivamente à 'elite branca', quando pesquisas apontam que 68% dos brasileiros querem a saída de Dilma", opina Chantal Rayes.

Cunha e deputados denunciados minam credibilidade da Câmara

Libération observa que o fato de o processo de impeachment estar sendo conduzido pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha, indiciado por corrupção, aumenta o mal-estar. "É no mínimo irônico que a maioria dos deputados da comissão que vai votar o pedido de destituição da presidente tenha recebido dinheiro desviado da Petrobras." Lula, Aécio Neves (PSDB) e outros caciques estão envolvidos no escândalo, enfatiza o texto. Ao revelar os bastidores do poder, a Lava Jato ameaça toda a classe política brasileira, constata o Libération.

Outra matéria, com um perfil do juiz Sérgio Moro, afirma que o magistrado de Curitiba faz uma campanha agressiva contra o ex-presidente Lula.

O conjunto de reportagens do jornal francês engloba uma análise do cientista político Pierre Salama, da Universidade Paris 13. Ele considera que a crise econômica começou muito antes da crise política no país, com a queda de demanda por matérias-primas, a apreciação do real e seus efeitos nefastos na indústria, além da falta de controle nas contas públicas. A evolução da Lava Jato só pronunciou a tensão social latente.

Na avaliação de Salama, em dois anos, o aumento das desigualdades entre brasileiros e americanos fez, desse ponto de vista, o Brasil perder a qualificação de país emergente.

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