Os protestos de 13 de março foram os maiores já realizados contra a presidente Dilma Rousseff desde o início da crise política e podem ser comparados ao movimento das Diretas Já, em 1983-84. Em São Paulo, 500 mil pessoas participaram dos atos na avenida Paulista, segundo o instituto Datafolha. Essa adesão maciça de manifestantes terá repercussão em Brasília. A começar pelo julgamento dos recursos do rito do impeachment na quarta-feira (16) no Supremo Tribunal Federal (STF).
Luciana Marques, correspondente em Brasília
A Câmara dos Deputados pediu que a corte reavaliasse a decisão que mudou os critérios para escolha dos integrantes da comissão especial que vai analisar o caso. A Câmara também questiona o fato do Senado poder negar eventual pedido de abertura de processo de impeachment realizado pela Câmara. Se o STF concluir o julgamento na quarta, no dia seguinte a oposição vai tentar instalar a comissão especial. Ela terá 45 dias para avaliar se a presidente Dilma deve responder por crime de responsabilidade.
O líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima, disse que as manifestações deixaram muito claro o repúdio à presidente Dilma e o apoio da população a instituições como a Polícia Federal e o Ministério Público. Por isso, para o tucano, a próxima etapa é dar sequência ao processo de impeachment tão logo o STF defina os procedimentos. O líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães, do PT, reconhece também que as atenções estão voltadas para a decisão do STF.
Presidente elogia caráter pacífico das manifestações
No final do dia, a presidente Dilma se reuniu com ministros e emitiu uma nota curta elogiando o caráter pacífico das manifestações. O Planalto deve trabalhar para conseguir os votos de deputados a fim de barrar o impeachment. Uma das saídas é a nomeação do ex-presidente Lula como ministro da Casa Civil. No cargo, ele poderia ajudar na articulação política. Mas há vários entraves para essa medida.
Primeiro, ao conseguir o foro privilegiado, Lula estaria admitindo eventual culpa na Lava Jato. Segundo, a popularidade do ex-presidente está mais baixa do que nunca e, investigado pela Polícia Federal, perde fôlego para convencer os parlamentares.
Manifestantes criticam presença de opositores nos protestos
Ainda que o marco do protesto tenha sido contra a presidente Dilma, também houve cartazes contra integrantes da oposição investigados na Lava Jato. O senador Aécio Neves e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, foram hostilizados e tiveram que deixar o protesto. Fato que os governistas estão fazendo questão de enfatizar. Já a oposição tratou o assunto como uma “questão menor”, dizendo que não há unanimidade na multidão. Mas o que foi demonstrado no domingo é que a insatisfação da população vai além de Dilma, Lula e do PT, e abrange a corrupção em geral. Os políticos da oposição foram acusados de tirar proveito de um protesto apartidário.
Nas ruas, em todo o país, manifestantes exibiam faixas, máscaras e camisetas a favor do juiz da Lava Jato, Sérgio Moro. Até celebridades fizeram o chamado “morobloco”. Ele virou o herói nacional dos protestos. Em resposta, o juiz emitiu nota dizendo que autoridades eleitas e partidos devem ouvir a voz das ruas e se comprometer com o combate à corrupção, ainda que cortem na própria carne.
O PT, a CUT e a Frente Brasil Popular organizam uma grande manifestação de apoio a Dilma na próxima sexta-feira (18).
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