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Lula retoma o tom agressivo das campanhas eleitorais, diz Le Figaro

A edição desta terça-feira (8) do jornal francês Le Figaro dedica uma página inteira à análise da situação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, alvo da 24a fase da operação Lava Jato e que foi levado a depor na semana passada pela Polícia Federal, que também realizou buscas em sua casa em São Bernardo do Campo (SP).

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva REUTERS/Paulo Whitaker
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A correspondente da publicação no Brasil, Lamia Oualalou, assina o artigo, que leva o título de "A sombra da Justiça sobre o ícone Lula". Ela começa o texto afirmando que fazia muito tempo que não se via o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se expressar com tanta raiva.

Segunda ela, após o depoimento forçado à Polícia Federal, Lula retomou o tom agressivo das campanhas eleitorais, aquele que ele usa quando se encontra em uma situação de risco, e não aceita a humilhação que lhe foi imposta pelo juiz Sergio Moro, que autorizou as buscas na sua casa e a condução coercitiva.

A jornalista diz que o método utilizado por Moro, de divulgar informações secretas para a mídia, é inspirado na operação italiana Mãos Limpas, dos anos 1990, quando os juízes usavam a imprensa como parte da equipe de investigadores.

Os jornais brasileiros escrevem há semanas sobre o triplex do Guarujá, no litoral de São Paulo, que o Ministério Público suspeita que tenha sido reformado por grandes empreiteiras brasileiras, que, em troca, obtiveram contratos na Petrobras.

Jornal qualifica condução coercitiva como ação violenta

Para o Le Figaro, essas acusações podem, no entanto, parecer obscuras. Lula teria tido a ideia de comprar o apartamento, cuja reforma teria sido financiada pela imobiliária, mas, no final, ele desistiu, o que torna o crime difícil de qualificar, segundo o jornal francês. O mesmo se aplicaria para o sítio em Atibaia, do qual Lula nega ser o proprietário.

A correspondente lembra ainda que a denúncia de que o petista recebeu 30 milhões de reais em doações e honorários de empresas brasileiras não é uma prática nova. Ela já era adotada por Fernando Henrique Cardoso e não despertou nenhuma inquietação antes. O jornal qualifica ainda a condução coercitiva como uma ação violenta, que provocou agitação até mesmo no Supremo Tribunal Federal.

Paralelo entre Lula e Getúlio Vargas

O jornal traça um paralelo entre Lula e Getúlio Vargas, que chama de chefes de Estado mais carismáticos da história do Brasil. Como na época de Vargas, a sociedade está mais polarizada do que nunca. A operação da Polícia Federal na casa de Lula mobilizou os militantes da esquerda, aos gritos de Lula, guerreiro do povo. Mas ela foi saudada com entusiasmo por parte da classe média, que fez um panelaço.

O texto finaliza dizendo que, inocente ou culpado, Lula é alvo da fúria de uma parte da elite que espera que a sua queda o desqualifique definitivamente para as eleições de 2018. Mas ele paga também as consequências de uma ruptura de diálogo com a sua base política.

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