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Brasil-América Latina

Resultado das eleições na Venezuela representará desafio para o Brasil

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O governo brasileiro terá um desafio político e diplomático neste domingo (6), após o resultado das eleições legislativas na Venezuela. E a posição do Brasil terá um peso determinante para os países da vizinhança.

Grafite com o rosto de Símon Bolívar ilustra parede de seção eleitoral na Venezuela
Grafite com o rosto de Símon Bolívar ilustra parede de seção eleitoral na Venezuela REUTERS/Marco Bello.
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Márcio Resende, correspondente da RFI em Buenos Aires

Se as urnas refletirem o que indicam as pesquisas, a oposição deve vencer e impor uma derrota ao regime do presidente Nicolás Maduro. Mas qual será a reação do líder venezuelano diante de um fracasso? Dessa resposta depende não só a postura do governo brasileiro daqui para frente, mas também a pressão que países como a Argentina prometem impor.

Para Brasília e Buenos Aires, a melhor saída é que Maduro aceite democraticamente o resultado das urnas, promova uma distensão social e uma articulação construtiva com a oposição. Nesse caso, o governo brasileiro terá ganho uma batalha crucial na sua estratégia de diplomacia silenciosa nos bastidores. E a Argentina poderia ceder na sua pressão por suspender a Venezuela do Mercosul.

Posição brasileira pode se enfraquecer

Se, ao contrário, Maduro recorrer à fraude para evitar uma derrota ou não aceitar o resultado, elevando a tensão social, a posição brasileira se enfraquece e a da Argentina se fortalece. Esse enfraquecimento do Brasil se combina com outro fator que diminui o capital político do governo brasileiro: a ameaça de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.

No mês passado, a presidente Dilma escreveu uma carta ao colega venezuelano, recomendando lisura e transparência nas eleições. Já o novo governo argentino fez o mesmo pedido, mas publicamente. O presidente eleito, Mauricio Macri, já deixou claro que o resultado das eleições deste domingo na Venezuela e o comportamento democrático ou não do presidente Nicolás Maduro vão definir se a Argentina ganha força no seu pedido de suspender a Venezuela.

A futura chanceler argentina, Susana Malcorra, indicou que a decisão está condicionada ao respeito da Venezuela pelo processo democrático. Ela disse que “é preciso esperar o resultado das eleições e ver qual será a reação das autoridades.” Para ela, a pressão sobre a Venezuela por eleições transparentes deve ser coordenada com o Brasil.

Pressão para suspender Venezuela do Mercosul pode aumentar

Dependendo do comportamento do presidente venezuelano após as eleições, o presidente eleito, Mauricio Macri, deve redobrar a pressão por suspender a Venezuela do Mercosul.

Para Macri que assume a Presidência no próximo dia 10, o silêncio dos países do bloco já se tornou cúmplice dos abusos aos Direitos Humanos na Venezuela com presos políticos e com a presença de militares no governo. Macri quer aplicar a chamada Cláusula Democrática do Mercosul que permite a suspensão do país integrante do bloco que não respeite plenamente as regras de uma democracia.

Embora a presidente Dilma Rousseff esteja mais afastada do regime venezuelano, o governo brasileiro acredita que na Venezuela há eleições e que isso é sintoma de democracia.

Caracas é um parceiro econômico importante do Brasil

A Venezuela é um importante mercado para os produtos brasileiros e para as empreiteiras brasileiras. Uma suspensão do país do bloco regional teria efeitos econômicos em empresas de capital brasileiro e na dívida que a Venezuela tem com exportadores do Brasil.

Esse é o equilíbrio que o governo brasileiro mantém e que pode ser alterado por três fatores: uma radicalização do presidente Nicolás Maduro, a pressão argentina por democracia de qualidade e o enfraquecimento da presidente Dilma Rousseff encurralada pela ameaça de impeachment.
 

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