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Brasil/morte

Candidato Eduardo Campos morre em acidente aéreo em Santos

O candidato às eleições presidenciais Eduardo Campos (PSB-PE), 49 anos, morreu nesta quarta-feira (13) pela manhã em um acidente aéreo em Santos. O presidenciável estava no jatinho que caiu em Santos, mas sua morte ainda não havia sido confirmada. A notícia caiu como uma bomba a poucos meses das eleições e provoca um "cataclisma político."

Eduardo Campos, 49 anos, durante uma reunião em Brasília, no último dia 6
Eduardo Campos, 49 anos, durante uma reunião em Brasília, no último dia 6 REUTERS/Ueslei Marcelino/Files
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Segundo a FAB (Força Aérea Brasileira), o jato de Campos voava do Rio de Janeiro para Guarulhos, mas teve que arremeter quando se preparava para pousar em razão do mau tempo, segundo uma nota da Aeronáutica. Logo depois, a aeronave perdeu contato com a torre de controle aéreo.

A FAB já iniciou a investigação sobre as causas do acidente. Sete pessoas estavam a bordo, entre eles dois pilotos. O avião, um Cessna 560 XL, prefixo PR-AFA, deixou o aeroporto Santos Dumont às 9h20.

A queda do avião teria ocorrido pouco depois das 10h, perto de uma escola infantil e de uma academia de ginástica. O acidente aconteceu na rua Vahia de Abreu, no bairro do Boqueirão, região central de Santos. O bairro, que tem bastante movimento, foi isolado pelo Corpo de Bombeiros e as equipes de resgate.

O acidente foi confirmado pelo corpo de bombeiros. No início, pensou-se que se tratava de um helicóptero. Sete pessoas ficaram feridas e foram socorridas em hospitais da região.

Segundo informações do jornal Folha de S.Paulo, a ex-senadora Marina Silva, candidata a vice na chapa de Campos, embarcaria no mesmo avião, mas decidiu embarcar em um avião de linha com seus assessores. Segundo o jornal, ela está em estado de choque e não dará declarações. Campos morreu exatamente nove anos depois de seu avô, Miguel Arraes.

Vida

Ex-governador do estado de Pernambuco, Eduardo Campos nasceu em 10 de agosto de 1965. Ex-presidente do Partido Socialista Brasileiro (PSB), ele é economista e também Deputado Estadual, Deputado Federal e Secretário da Fazenda. Casado com Renata Campos, ele teve cinco filhos –o último nasceu no início de 2014.

Eleições

Segundo o cientista político Stéphane Monclaire, professor de Ciências Políticas da Sorbonne, a comoção provocada pela morte de Campos "valoriza os eleitores que já fizeram essa escolha de votar para ele." O choque emocional, diz pode deixar esses eleitores "orfãos". "Se o PSB não investir em um outro candidato, provavelmente os eleitores dele vão se repartir entre Aécio e Dilma", avalia Monclaire.

A legislação eleitoral prevê que o partido designe um novo candidato em caso de falecimento. Para Monclaire, a melhor opção seria a candidata Marina Silva, mas, segundo ele, seu nome não é consenso na legenda e Dilma "fará tudo para que o PSB não invista em outro candidato."

Repercussão no Brasil

Marina Silva, vice na chapa do ex-governador de Pernambuco, chorou ao chegar a Santos, e declarou que "a imagem que quer guardar é ele "cheio de alegria, cheio de compromissos". Quem também chorou com a notícia foi o ex-presidente Lula.

Assim que soube da tragédia, Lula telefonou para a mãe de Campos, a ministra do Tribunal de Contas da União, Ana Arraes. Em discurso sobre a morte do colega, a presidenta Dilma Rousseff disse que espera que o "exemplo do Eduardo Campos sirva para mantê-lo vivo nas memórias e nos corações dos brasileiros.

José Serra disse que é cedo para analisar as consequências políticas da morte. Os restos mortais de Campos devem seguir para São Paulo ainda hoje. O enterro acontecerá no Cemitério Santo Amaro, no Recife, onde está sepultado seu avô Miguel Arraes. Assim como Lula, Dilma já anunciou que irá a Pernambuco.

Repercussão internacional

A morte de Eduardo Campos ganhou as manchetes da imprensa internacional. O jornal britânico The Guardian lembrou a herança política do ex-governador, que era neto de Miguel Arraes, que também governou pernambuco e passou 15 anos no exílio durante a ditadura militar. A BBC lembrou igualmente o papel ativo da família de Campos na luta pela democracia.

O Guardian citou um trecho da entrevista que ele concedeu ontem ao Jornal Nacional: "Ao lado de Marina Silva, eu quero representar sua indignação, o seu sonho, o seu desejo de ter um Brasil melhor". O jornal espanhol El Pais fez um perfil de Campos e entrevistou testemunhas do acidente, que afirmaram que chovia muito em Santos quando o avião caiu.

Aqui na França, o vespertino Le Monde escreve em seu site que Eduardo Campos era o terceiro colocado na corrida presidencial, mesma posição em que ficou sua companheira de chapa, Marina Silva, na campanha contra Dilma Rousseff e José Serra, em 2010. O diário conservador Le Figaro retrata Campos como um homem de esquerda, mas simpático ao mercado.

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