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Brasil/protestos

Justiça decreta prisão de suspeito de acender rojão que matou cinegrafista

A Justiça do Rio de Janeiro expediu na madrugada desta terça-feira (11) o pedido de prisão temporária do homem suspeito de ter acendido o rojão que matou o cinegrafista Santiago Andrade da TV Bandeirantes. A morte do cinegrafista teve repercussão na imprensa internacional que destacou que ele é o primeiro jornalista a morrer na cobertura de protestos populares no Brasil.

Repórteres, cinegrafistas e fotógrafos colocaram suas câmeras no chão em homenagem ao cinegrafista Santiago Andrade da TV Bandeirantes..
Repórteres, cinegrafistas e fotógrafos colocaram suas câmeras no chão em homenagem ao cinegrafista Santiago Andrade da TV Bandeirantes.. Foto: Fernando Frazão/ABr
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O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro decretou, no fim da noite dessa segunda-feira (10), a prisão temporária do suspeito de ter disparado o explosivo que provocou a morte do cinegrafista da TV Bandeirantes Santiago Ilídio Andrade. O profissional foi atingido na cabeça quando filmava os confrontos entre a polícia e manifestantes que protestavam contra o aumento do preço da passagem de ônibus no Rio de Janeiro.

"Há evidentes necessidades de se resguardar a instrução, a fim de que as demais provas sejam colhidas pela autoridade policial garantindo-se, ao final, a instrução da causa, que é de grande repercussão e que merece integral apuração, dada a lesividade social que os eventos violentos havidos nas recentes manifestações nesta Cidade não mais se repitam", diz nota do Plantão Judiciário do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro.

O suspeito foi identificado por Fábio Raposo, 22. Raposo confessou ter entregue um rojão ao homem que, em seguida, o teria detonado. Os dois vão responder por homicídio doloso qualificado, pelo uso de artefato explosivo e também pelo crime de explosão. Se condenados, a pena pode ser de até 35 anos de prisão.

A morte de Andrade pode acelerar a tramitação da Lei Antiterrorismo no Senado. O texto prevê penas de 15 a 30 anos de prisão para a prática de terrorismo. Se o atentado provocar morte, as penas podem varia de 24 a 30 anos. A pena ainda pode ser agravada se o crime for praticado com explosivo, fogo, arma química, biológica ou radioativa, em transporte público ou local sob poteção internacional. Alguns senadores, porém, discordam da aplicação de uma lei antiterrorismo a protestos populares.

Repercussão

O anúncio da morte cerebral do cinegrafista da TV Bandeirantes teve repercussão na mídia francesa e entre as entidades de jornalistas. Ambos defendem uma investigação rigorosa das circunstâncias da morte do jornalista.

Em comunicado, a organização Repórteres Sem Fronteiras pediu que “as forças policiais e os manifestantes respeitem o trabalho dos jornalistas que cobrem movimentos populares”. Lucie Morillon, diretora de pesquisa da entidade, também escreveu: “As autoridades têm que tomar medidas sérias após essa tragédia e às vésperas da Copa do Mundo que fará com que um número considerável de atores da informação [se desloque para o Brasil] para cobrir tanto eventos esportivos quanto as questões sociais do país”.

A Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) ressalta o aumento da frequência dos ataques contra prossifionais da imprensa. “É o primeiro caso fatal envolvendo jornalistas atacados durante os protestos de rua, mas os incidentes têm se multiplicado. Desde junho de 2013, a Abraji alerta para a escalada de violência e violações contra profissionais da imprensa. Desde que esta onda de protestos começou até o anúncio da morte de Santiago Ilídio Andrade, houve 117 casos de agressão, hostilidade - tanto por manifestantes quanto por policiais - ou detenção de jornalistas”, diz texto da associação.

Imprensa francesa

Os sites da revista Le Point e do jornal Libération afirmam que, a quatro meses do início da Copa do Mundo, Andrade é "o primeiro jornalista morto durante manifestações violentas que abalaram o país durante e após a onda de protestos de junho do ano passado". A mídia francesa relata ainda que a presidente Dilma Rousseff e o prefeito do Rio, Eduardo Paes, manifestaram repúdio à violência durante as manifestações.
 

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