Mais um detento é encontrado morto na prisão de Pedrinhas, no Maranhão

Um detento foi encontrado morto nesta terça-feira (21) no presídio de Pedrinhas, em São Luís, capital do Maranhão. A prisão se tornou mundialmente conhecida após a divulgação há duas semanas de um vídeo mostrando três presos decapitados em decorrência de lutas entre gangues de criminosos encarcerados. Esse novo assassinato aconteceu um dia depois que nove presos foram transferidos para uma prisão de segurança máxima em Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul.

Líderes de gangues que atuam dentro da penitenciária de Pedrinhas, no Maranhão, foram transferidos para o Mato Grosso do Sul nesta segunda-feira (20), em uma tentativa das autoridades de acabar com os assassinatos no local. REUTERS/Handson Chagas/Brazilian State Department of Justice and

"O preso morreu enforcado com uma 'teresa' (corda feita com um lençol). Somente depois de uma investigação será possível determinar as circunstâncias da morte", informou uma nota do governo do Maranhão. A vítima foi encontrada em uma cela.

Neste ano já morreram três pessoas em Pedrinhas, segundo dados oficiais. Em 2013, 60 detentos faleceram dentro do presídio, que tem a reputação de ser um dos piores do Brasil. O local abriga 2.500 presos, embora tenha capacidade para apenas 1.700.

Um vídeo chocante divulgado há duas semanas pela imprensa brasileira mostra três cadáveres de presos decapitados e com os corpos cheios de feridas, revelando o horror cotidiano vivido por trás dos muros do presídio.

A ONU exprimiu sua preocupação com o "péssimo estado" das prisões no Brasil e pediu "medidas imediatas para restabelecer a ordem em Pedrinhas".

A transferência de presos para Campo Grande é parte de um conjunto de medidas para tentar controlar a situação. A ideia é transferir os líderes das gangues rivais que cumprem pena em Pedrinhas.

Além disso, está prevista uma revisão dos casos de todos os detentos e a construção de novos presídios, de acordo com um anúncio feito na semana passada pelo governo federal e o governo do Maranhão.

Superpopulação carcerária

O Brasil tem atualmente 548 mil presos, o que corresponde a 207 mil detentos a mais de sua capacidade carcerária, segundo a ong Conectas.

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, se reúne nesta terça-feira (21) com representantes de associações em defesa dos direitos humanos para analisar o pedido de intervenção federal no Maranhão devido à crise no sistema carcerário do Estado.

As ongs Justiça Global, Conectas, Sociedade Maranhense de Direitos Humanos e a Ordem dos Advogados do Brasil no Estado (OAB-MA) pretendem ainda discutir com o procurador a possibilidade de transferir da justiça estadual para a federal a responsabilidade pela investigação dos assassinatos ocorridos no interior da penienciária de Pedrinhas.