Restos mortais de Jango serão analisados no exterior
Depois de um procedimento delicado de exumação, com duração de mais de 18 horas, os restos mortais do ex-presidente João Goulart serão agora enviados para análises toxicológicas e de DNA, que serão feitas parcialmente no exterior. Os países dos laboratórios escolhidos são mantidos em sigilo.
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Peritos brasileiros acompanharão cada etapa do processo. O objetivo do procedimento é avaliar se a causa da morte de Jango foi envenenamento, como suspeitam a família e membros da Comissão da Verdade – que investiga os crimes cometidos durante a ditadura no Brasil -, e não ataque cardíaco, como afirma a versão oficial registrada pelo regime militar. A exumação do corpo atende a um pedido antigo dos familiares do ex-presidente, o último antes do golpe militar que instaurou uma ditadura no país.
João Goulart faleceu em dezembro de 1976 após um ataque cardíaco, durante o exílio do ex-presidente e a família em Mercedes, na Argentina. O corpo jamais passou por autópsia. A versão oficial para a morte passou a ser contestada em 2006, quando um ex-agente secreto uruguaio, Mario Neira Barreiro, afirmou ter monitorado Jango e participado de um complô para trocar os medicamentos utilizados habitualmente pelo presidente deposto, que era cardíaco.
As revelações motivaram a família a procurar o Ministério Público Federal para solicitar novas investigações sobre a morte. Passados 37 anos da morte, entretanto, as análises podem não ser conclusivas sobre a hipótese de envenenamento.
Cerimônia com quatro presidentes
Ontem, depois das 18 horas de trabalho de peritos para realizar a exumação do corpo, em São Borja (RS), os restos mortais foram levados para Brasília. Na capital, Jango recebeu honras militares póstumas, em uma cerimônia que contou com a presença de quatro dos cinco presidentes da República após o restabelecimento da democracia no país. José Sarney, Fernando Collor, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff homenagearam Jango, ao lado da viúva Maria Thereza Goulart e dos filhos do casal. Fernando Henrique Cardoso esteve ausente por motivos de saúde.
Através da sua conta no Twitter, Dilma destacou que a nova investigação “é uma afirmação da democracia” brasileira. “Hoje é um dia de encontro do Brasil com a sua história. Como chefe de Estado da República Federativa do Brasil participo da recepção aos restos mortais de João Goulart, único presidente a morrer no exílio, em circunstâncias ainda a serem esclarecidas por exames periciais”, disse.
A previsão é de que as análises estejam concluídas até o dia 6 de dezembro, quando os restos mortais devem ser levados de volta para São Borja, cidade natal do ex-presidente.
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