Para Le Monde, Dom Odilo é um dos dois favoritos em conclave

Nesta terça-feira foi a vez do jornal francês Le Monde apontar o cardeal brasileiro Odilo Scherer como um dos dois grandes favoritos para substituirem Bento 16 na liderança da Igreja católica. O jornal nota que sua aparência "mais anglo-saxã que latina" pode tranquilizar os cardeais preocupados em resguardar a imagem do papado.

O cardeal brasileiro Dom Odilo Scherer é um dos dois favoritos para a sucesséao de Bento 16, segundo o jornal francês Le Monde. REUTERS/Tony Gentile

A jornalista Stéphanie Le Bars, enviada especial do jornal a Roma, indica que Odilo Scherer tem duas vantagens: o fato de ser originário da América Latina, o que faz dele representante de 40% da população católica mundial, e sua familiaridade com a Cúria, ou seja, o governo central do Vaticano. O cardeal brasileiro trabalhou na influente congregação para os bispos de 1994 a 2001.

Le Monde aponta que Odilo Scherer também é membro da comissão de controle do IOR (Instituto para as obras religiosas), mais conhecido como o banco do Vaticano. Isso pode ser um outro trunfo, já que o futuro papa deverá reformar essa instituição envolvida em escândalos financeiros.

O diário vespertino francês afirma que Dom Odilo, de 64 anos, tem a reputação de ser um bom administrador e é muito ativo nas redes sociais, defendendo uma "nova evangelização.

"Seu físico mais anglo-saxão que latino-americano, sua solidez doutrinária e seu estilo muito ortodoxo podem tranquilizar os cardeais preocupados em não alterar a imagem do papado", acrescenta Le Monde.

O jornal nota que se por um lado o brasileiro conta com partidários na Cúria, por outro ele não tem necessariamente o apoio dos outros cardeais latino-americanos.

O outro favorito para se tornar papa seria, como apontou a imprensa mundial nos últimos dias, o italiano Angelo Scola, que tem as vantagens de ter sido próximo do papa Bento 16 e de ser reconhecido por sua capacidade para governar.

Além disso, apesar de ser italiano, ele se manteve afastado da Cúria e das rivalidades internas reveladas pelo escândalo Vatileaks. Mas Le Monde aponta que o cardeal não domina a comunicação e pode ser prejudicado por sua falta de carisma.