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Brasil/ pecuária

OIE reitera que carne do Brasil tem “risco insignificante” de vaca louca

Representantes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento reuniram-se hoje com a direção da Organização Internacional de Saúde Animal (OIE) para explicar as ações do governo depois da confirmação de um caso de contaminação pelo agente causador do mal da vaca louca. Bernard Vallat, secretário-geral da entidade, com sede em Paris, reiterou que o consumo da carne brasileira não traz riscos.

Neste ano, seis casos de mal da vaca louca foram registrados no mundo.
Neste ano, seis casos de mal da vaca louca foram registrados no mundo. (Photo : Béatrice Leveillé)
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Dois técnidos do MAPA estão na Europa desde quarta-feira para detalhar às autoridades internacionais como ocorreu a detecção, o controle e qual é a situação atual doença no país. Um caso foi detectado em 2010, em uma propriedade de Sertanópolis, interior do Paraná. Os exames realizados na vaca, de 13 anos – idade considerada avançada – mostraram que ela apresentava o príon (proteína) que pode conduzir ao mal da vaca louca, embora ela não tenha desenvolvido a doença.

O caso é tratado como uma contaminação “atípica” pelas autoridades brasileiras – o que está sendo confirmado por testes em um laboratório britânico de referência no assunto. Baseada nas conclusões destas análises, a assembleia-geral da OIE vai votar, em fevereiro, se o status do Brasil em relação à probabilidade de ocorrência de vaca louca vai permanecer como “insignificante”, a melhor de todas as categorias, ou se haverá revisão para “risco controlado”. Dezenove países enquadram-se no primeiro grupo e 30, no segundo. A terceira categoria é de países produtores que, em decorrência da fraca infraestrutura na detecção de doenças, não podem sequer ser classificados.

“O Brasil está em “risco insignificante” porque esta categoria demonstra a capacidade de detectar a doença, o que ele acaba de provar que faz”, explicou Vallat. “O risco controlado refere-se aos países que tiveram vários casos da doença e conseguiram erradicá-la. São países que ainda precisam desenvolver bastante a sua capacidade de prevenção e controle.”

Questionado, o secretário-geral afirmou que não cabe a ele determinar se a possibilidade de o Brasil trocar de categoria pode ser excluída. “Vai ser a comissão científica quem vai se pronunciar a respeito. Nós aguardamos os resultados das análises em laboratórios, feitas por especialistas independentes. E, depois disso, os países-membros vão avaliar a situação na assembleia-geral”, disse. “Porém, de acordo com as regras do código da OIE, essa possibilidade está excluída.”

Até agora, seis países cancelaram ou restringiram a importação da carne bovina brasileira desde que a descoberta da contaminação foi revelada: Egito, Arábia Saudita, Coreia do Sul, Japão, África do Sul e China. Com exceção do Egito, que é o terceiro maior importador - atrás da Rússia e de Hong Kong -, os demais  são responsáveis por uma parcela pouco significativa das exportações brasileiras - juntos, somam menos do que 4% do comércio. Desde a semana passada, os egípcios recusam apenas a carne produzida no Paraná.

Apenas seis casos em 2012

Enio Marques, secretário de Defesa Agropecuária do ministério da Agricultura, admitiu que houve demora na constatação da presença do agente causador da doença, “por problemas de logística”. Ele argumentou, entretanto, que todos os exames realizados na vaca – inclusive o de encefalopatia espongiforme bovina, nome científico do mal da vaca louca - apresentaram resultado negativo. “Este tipo de situação, no protocolo brasileiro em vigor anteriormente, era tido como não emergencial”, afirmou.

Os nove bovinos que conviveram, em algum momento da vida, com a vaca contaminada foram sacrificados e não apresentavam sinais da doença, conforme análises. Neste ano, seis casos de contaminação por mal da vaca louca foram recenseados no mundo: quatro na União Europeia, um nos Estados Unidos e outro no Brasil.

Marques relatou que o governo brasileiro oferece esclarecimentos aos países que o questionam sobre a segurança da produção bovina, inclusive os que já impuseram restrições comerciais. O secretário disse que, se até março estes países não retiraram os embargos, o Brasil vai entrar com uma reclamação formal na Organização Mundial do Comércio (OMC). Os brasileiros são os segundos maiores produtores de carne bovina no mundo, atrás da Austrália.

 

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