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China/Brasil

Dilma chega à China com o objetivo de diversificar as exportações brasileiras

A presidente Dilma Rousseff desembarca em Pequim na manhã desta segunda-feira com o objetivo principal de promover a diversificação das exportações brasileiras e aumentar o acesso dos produtos nacionais ao mercado chinês.

A presidente Dilma Rousseff.
A presidente Dilma Rousseff. Antonio Cruz/ABr
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Por Ana Carolina Dani, enviada especial a Pequim

O objetivo da presidente brasileira é promover a exportação de tecnologia e produtos de maior valor agregado para reverter a tendência atual do intercâmbio comercial com a China, impulsionado principalmente por bens primários. 

Dados de um estudo recente do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) mostram que 87% das exportações para a China nos últimos dez anos são commodities, contra 58% do total para o restante do mundo. No sentido inverso, somente 2% das exportações brasileiras para a China se referem a produtos de alta tecnologia. Pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) também indica que os produtos de alta tecnologia se tornaram, em apenas cinco anos, o principal item na pauta de exportação chinesa para o Brasil. 

A China, aliás, é hoje o maior exportador mundial de produtos de alta tecnologia, superando países que tradicionalmente exportam esse tipo de produto, como Estados Unidos e Alemanha. Já o Brasil ocupa o 27° lugar no que se refere à exportação de produtos de alta intensidade tecnológica, num ranking estabelecido pela CNI com 42 nações. 

A diplomacia brasileira, entretanto, vem reiterando que a diversificação da pauta não será feita em detrimento do comércio de commodities e bens primários. "Não é ideal vender somente commodities, mas o pior seria não vender nem isso", disse à RFI uma fonte diplomática, neste domingo, em Pequim. 

Para ampliar os negócios com a China, o Brasil aposta em setores como moda, alimentação, tecnologia, infraestrutura e energia. Mas a ambição brasileira esbarra nas diferentes vantagens competitivas dos dois países. E na balança da competitividade, os chineses saem na frente em quase tudo. Até mesmo o governo brasileiro reconhece que deve fazer esforços para melhorar a infraestrutura nacional, reduzir a taxa de juros e diminuir a carga tributária, uma das mais elevadas do mundo.

Estas são as principais reivindicações dos empresários brasileiros, sufocados pela crescente entrada de produtos chineses no mercado nacional. Segundo dados da CNI, a concorrência com produtos chineses no mercado doméstico afeta uma em cada quatro empresas brasileiras.

O impacto sobre a indústria brasileira é evidente. Quase metade (45%) das empresas industriais expostas à competição com produtos chineses perdeu participação no mercado doméstico. A concorrência no mercado internacional é ainda mais feroz. De acordo com a CNI, 67% das empresas exportadoras que concorrem com produtos chineses perdem clientes. 

A desvalorização do yuan, outra reclamação do setor industrial, também deve constar na pauta de discussões com o governo chinês, mesmo se a diplomacia brasileira considera que o assunto não deve ser "bilateralizado", pois não se limitaria às relações Brasil e China. 

De fato, a China já vem sofrendo reiteradas pressões dos Estados Unidos e países europeus para valorizar o yuan, mas Pequim não dá sinais de que pretende ceder em sua política cambial.

Agenda

Dilma Rousseff desembarca em Pequim na manhã desta segunda-feira. A agenda oficial começa na terça. No final da manhã, a presidente encerra seminário com a participação de mais de 250 empresas nacionais. Em seguida, participa de cerimônia de boas vindas do governo chinês e se reúne com o presidente Hu Jintao. De noite, tem jantar de gala no Palácio do Povo, em Pequim. 

Na quarta, Dilma tem reunião com o primeiro-ministro Wen Jiabao, antes de seguir para Sanya, no sul da China, onde participa da terceira cúpula dos BRICS, grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e, mais recentemente, África do Sul.

Comércio bilateral

Nos últimos dez anos, houve um salto na corrente de comércio entre Brasil e China. Em abril de 2009, o país ultrapassou os Estados Unidos e se tornou o maior parceiro comercial brasileiro, respondendo por cerca de 13% das vendas do Brasil para o exterior.

O saldo comercial com a China tem oscilado significativamente nos últimos anos. Em 2009, em função de uma queda substancial das importações brasileiras (cerca de 20%) e de um crescimento das exportações de 27%, principalmente soja e minério de ferro, o Brasil teve um superávit comercial superior a US$ 5 bilhões, que se manteve em 2010, mesmo com o crescimento de 61% apresentado pelas importações. O fluxo de comércio bilateral cresceu impressionantes 53% em 2010.

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