Condenação de Michael Cohen complica a situação legal do presidente Donald Trump
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A semana foi cheia de más notícias para o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Após a condenação a três anos de prisão de seu ex-advogado Michael Cohen, o republicano busca uma proteção legal que parece cada vez mais desgastada.
Nathalia Watkins, correspondente da RFI em Washington
Apesar de negar ligação direta às ações de Cohen, que foi seu aliado por mais de uma década, novas investigações e um acordo entre a Justiça e o grupo de American Media, que publica o tablóide National Enquirer, pressionam a Casa Branca.
A condenação de Cohen fecha ainda mais o cerco ao presidente Donald Trump, que está furioso com o caso. Na quinta-feira (13), Trump finalmente quebrou o silêncio sobre Cohen em uma série de tuítes. O republicano tuitou que especialistas jurídicos estabeleceram que ele "não errou" e novamente negou ter violado as leis de financiamento de campanha. Trump acrescentou que o advogado admitiu as ações apenas para ter a sentença reduzida.
Na quarta-feira (12), Cohen, pediu desculpas por acobertar os "atos sujos" de seu ex-chefe, ao ser condenado a três anos de prisão por vários crimes. Cohen admitiu evasão fiscal, declarações falsas a um banco e contribuições ilegais de campanha. Ele também se declarou culpado de mentir diante do Congresso, uma acusação decorrente da investigação do procurador especial Robert Mueller sobre a intervenção russa na campanha presidencial em 2016.
Entre as acusações contra Cohen também estavam pagamentos secretos para silenciar duas mulheres que ameaçaram falar sobre seus supostos casos com Trump durante a campanha eleitoral. Outra má notícia para a Casa Branca foi a imunidade concedida pela Justiça ao grupo American Media, que publica o tablóide National Enquirer, no caso do ex-advogado de Trump.
Caso pode trazer mais irregularidades à tona
A revista serviu de plataforma para Trump por anos e está envolvida no caso dos pagamentos secretos a duas mulheres que se envolveram com o presidente. Em troca de informações, a Justiça concedeu imuninade para executivos do grupo de mídia. Procuradores acreditam que David Pecker, chefe da empresa, ajudou Trump e Cohen a esconder histórias negativas em troca de dinheiro.
A imprensa americana vai além e especula que o acordo pode trazer a tona mais irregularidades do passado de Trump e complicar ainda mais a situação legal do presidente. Mais investigações Segundo o Wall Street Journal, procuradores federais investigam agora irregularidades relacionadas a doações de 107 milhões de dólares para o comitê inaugural de Donald Trump em 2017.
Parte dos materiais que fundamentam a investigação partiram do advogado Michael Cohen. As autoridades investigam também se alguns dos maiores doadores deram dinheiro para a campanha em troca de acesso ao presidente, concessões políticas e influência. Pagar por favores politicos é crime federal.
Senado contra Trump
O Senado dos Estados Unidos aprovou uma resolução para pôr fim ao apoio militar que Washington dá à Arábia Saudita na guerra no Iêmen. A ação sinaliza um senso de urgência crescente tanto entre republicanos quanto entre democratas de que a Arábia Saudita deve ser punida pela morte do jornalista Jamal Khashoggi. Os senadores também aprovaram uma resolução para condenar o assassinato do jornalista e para denunciar que o príncipe saudita, Mohammed bin Salman, é responsável pelo homicídio.
Khashoggi foi morto no consulado saudita em Istambul em 2 de outubro. Segundo a CIA, o assassinato se deu para calar o jornalista, crítico do regime. Trump questionou a conclusão da agência de inteligência americana e continuou a apoiar o príncipe saudita, aliado econômico e diplomático de peso para os Estados Unidos.
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