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Corrupção

Odebrecht confessa ter dado US$ 3 milhões à prefeita de Lima

A construtora brasileira Odebrecht entregou US$ 3 milhões à então prefeita de Lima, em 2013, para uma campanha contra a sua destituição, segundo o depoimento de um representante da empresa divulgado nesta quinta-feira (23) pela imprensa peruana.

Lima, fevereiro de 2017: manifestação contra o escândalo da Odebrecht no Peru.
Lima, fevereiro de 2017: manifestação contra o escândalo da Odebrecht no Peru. REUTERS/Guadalupe Pardo
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A socialista Susana Villarán, que negou as acusações, ficou a ponto de ser destituída por opositores em 2013. De acordo com o depoimento à Justiça, o ex-representante da Odebrecht no Peru, Jorge Barata, disse que a empresa a apoiou a pedido dela. A demanda, contudo, foi feita pelo gerente do município (funcionário que gere a administração, um braço direito do prefeito), José Miguel Castro.

"Tomamos a decisão de apoiá-la nesse processo. Nós já tínhamos um contrato assinado com a prefeitura de Lima de uma concessão urbana de 177 quilômetros, que eram justamente a entrada e a saída de Lima, e tínhamos uma preocupação que, com a saída (de Villarán) acontecesse alguma dificuldade em nosso contrato", disse Barata ao Ministério Público brasileiro, segundo o portal IDL Reporteros.

Propina estratégica

No depoimento, que foi colhido no fim do ano passado, mas só foi divulgado recentemente, Barata admitiu que também foi chamado por Villarán.

"Em seguida, recebemos uma ligação da própria prefeita pedindo essa contribuição. Ela afirmou a necessidade e a importância da continuidade", contou Barata, que hoje vive no Brasil. Finalmente, a Odebrecht considerou que Villarán era uma pessoa com projeção política, inclusive para a presidência do Peru.

A Odebrecht admitiu que pagou propinas no Peru a políticos e autoridades em troca de contratos. Contudo, Barata garantiu que o aporte para Villarán não estava condicionado a obras, porque a Odebrecht já tinha ganhado a concessão das vias de Lima.

Defesa da ex-prefeita

"Não recebemos nenhum dinheiro da Odebrecht para a campanha, e tampouco teria driblado as normas e a transparência de minha ação por essas concessões. Eu nunca conversei com Barata em uma relação interpessoal. Que ele diga como entregou, a quem, ou quando. Eu sou a primeira a querer que tudo se esclareça", disse Villarán à IDL.

"A declaração de Barata feita às autoridades brasileiras é falsa", afirmou o ex-gerente Castro.

Nas redes sociais, Villarán reconheceu que, para a campanha contra a destituição, contratou por US$ 436 mil a empresa FX, do brasileiro Valdemir Garreta, que tinha na equipe o publicitário Luís Favre.

A versão da FX

Garreta, por sua vez, alegou que recebeu os US$ 3 milhões para assessorar Villarán, segundo seu depoimento, publicado nesta quarta-feira (22) no jornal El Comercio. O publicitário detalhou que US$ 2 milhões pertenciam à Odebrecht e US$ 1 milhão à também brasileira OAS, outra empresa envolvida no escândalo da Lava Jato.

Barata destacou a coincidência de que ambos publicitários também foram assessores da campanha de 2011 do ex-presidente Ollanta Humala, hoje em prisão preventiva por supostamente ter recebido US$ 3 milhões da Odebrecht.

(Com agência AFP)

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