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Brasil-América Latina

Bariloche sofre desabastecimento e vendedores temem queda no turismo

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Um pedido de desculpas com a esperança de novas visitas em breve. É assim que os vendedores de Bariloche estão recebendo cada turista que bate à porta. O mercado local teme a queda do turismo depois da nevasca que deixou estrangeiros ilhados e frustrados com a viagem.

Onda de frio na Argentina provocou atrasos e cancelamentos de voos para destinos turísticos, como Bariloche.
Onda de frio na Argentina provocou atrasos e cancelamentos de voos para destinos turísticos, como Bariloche. Roberta Martins
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Luciana Marques, correspondente da RFI em Brasília

Muitos atendentes ouviram de turistas que nunca mais voltariam ao local ou indicariam o passeio. Também descontentes, os vendedores dizem que a economia, que estava se recuperando, deve sofrer um impacto negativo num dos destinos mais procurados da Argentina.

Para evitar uma imagem negativa da cidade, os vendedores fazem um esforço para atender ainda melhor os turistas brasileiros que restaram. “Sinto muito, a economia estava se recuperando e era importante que os turistas tivessem felizes. Muitos estão desapontados dizendo que não voltar”, desabafou uma vendedora. Quem ouviu o relato foi a advogada de Brasília, Roberta Martins. Ela viajou para Bariloche com o marido e as duas filhas – uma de 10 e outra de 5 anos. O retorno estava previsto para terça-feira, mas eles só conseguiram embarcar na quinta.

Roberta diz que no aeroporto vários turistas estavam acampados, dormindo em cadeiras ou em cima das malas, porque não tinham como pagar hotel. Na quinta-feira a situação melhorou – alguns voos atrasados, mas sem cancelamentos. O Ministério das Relações Exteriores do Brasil chegou a analisar a instalação de um núcleo de apoio do Consulado Honorário no Aeroporto de Bariloche. Mas autoridades locais alegaram falta de segurança e o governo desistiu da ideia.

Sobre os brasileiros que iriam para Bariloche e ficaram presos no aeroporto de Buenos Aires, o Itamaraty informou à RFI Brasil que o Consulado-Geral do Brasil em Buenos Aires prestou assistência “ao que pareceria ser o último grupo de brasileiros remanescentes da crise que teve início no fim de semana com o fechamento do aeroporto de Bariloche devido a condições climáticas”. No total, 12 pessoas tiveram as passagens reprogramadas para voo da Latam, que deverá partir de Buenos Aires com destino a São Paulo.

Mercado local desabastecido e sem energia

Em Bariloche, segundo Roberta, os restaurantes estão desabastecidos, com dificuldades de receber os produtos. Sem condições de atender os clientes ou mesmo pela falta de energia, alguns estabelecimentos fecharam as portas. “Encontramos um restaurante aberto, mas completamente desabastecido. Fizemos vários pedidos que não puderam ser atendidos porque os fornecedores não conseguiam entregar”, relatou.

Logo na entrada, em um restaurante conhecido da cidade, a atendente já avisava que não teria todos os vinhos disponíveis - nem refrigerante. Turistas esperavam uma hora para conseguir almoçar – isso já depois das 15h, horário em que os estabelecimentos costumam fechar no município. Além da falta de água, vários pontos da cidade ficaram sem energia e, portanto, sem calefação em noites que chegaram a 25 graus abaixo de zero.

Outro problema foi o trânsito: os carros - especialmente os alugados - não tinham condições de transitar com tanta neve porque os pneus não eram adequados. Mas a generosidade dos argentinos chamou a atenção. “As pessoas saiam dos seus carros para nos empurrar, dar dicas ao meu marido sobre como dirigir na neve. A solidariedade nos impressionou”, disse Roberta.

Por outro lado, faltou gestão pública para lidar com os problemas gerados pela nevasca. “A cidade é linda, o passeio vale a pena. Voltaria outra vez, mas acho que falta preparo nas empresas aéreas, no aeroporto e na própria gestão municipal para lidar com situações de neve intensa. Ainda que tenha sido uma nevasca histórica, neve é o grande atrativo da cidade e não pode parar tudo”, concluiu a advogada.

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