Acessar o conteúdo principal
Brasil-América Latina

MST leva à Venezuela sementes para hortas urbanas

Publicado em:

A cultura na Venezuela é a da importação de produtos em troca de barris de petróleo. Agora que os preços e a produção nacional da commodity estão em baixa, o país volta a olhar para o setor agrícola. Originalmente rural, a Venezuela passou a dar mais importância ao “ouro negro” ignorando que assim criava uma profunda dependência das importações.

Um dos líderes do MST na Venezuela, Denir Sosa.
Um dos líderes do MST na Venezuela, Denir Sosa. Foto: Reprodução
Publicidade

Elianah Jorge, correspondente em Caracas

Embora fosse do campo, foi nos últimos anos de seu governo que o militar Hugo Chávez (1954-2013) começou a tentar transformar a Venezuela em uma potência agrícola. Em 2009, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a colher soja junto com o ex-presidente venezuelano no âmbito de um convênio firmado com a Embrapa. Mas a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária pouco depois saiu da Venezuela.

O brasileiro Denir Sosa, que chegou há dez anos ao país e é um dos responsáveis do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na Venezuela, acompanhou esse processo. “Ele [Chávez] já previa que com o aumento do consumo, muito maior que o aumento da produção de petróleo, haveria problema na parte produtiva do alimento. Importar alimentos é um dinheiro que não tem retorno. Ele [Chávez] sempre teve a ideia de que aqui tem muita terra produtiva que não produz, por isso que eles fizeram a tal da revolução agrária, que é fazer a ocupação, a expropriação das terras que estavam improdutivas, segundo as taxas venezuelanas de produção.”

De acordo com Sosa, uma das principais mudanças que as autoridades venezuelanas tentam promover é a transformação de uma economia extrativista em uma economia produtiva. Durante muitos anos, a abundância de petróleo fez da Venezuela um país monoprodutor, focado nessa commodity.

Crise de abastecimento acelera projetos

Atualmente, o país passa por uma grave crise econômica e de abastecimento. As contas públicas estão no vermelho, as colheitas continuam insuficientes para abastecer o mercado interno, e o governo teve de diminuir o ritmo das importações por causa da queda de receitas do petróleo. No setor agrícola, faltam sementes e maquinário para a semeadura, sobretudo após a expropriação da empresa Agroisleña, em 2010.

Esta semana a ministra de Agricultura Urbana, Lorena Freitez, anunciou, durante a abertura do ano escolar, que cada colégio público terá uma plantação. Pequenos espaços, até mesmo em apartamentos, estão sendo aproveitados para o cultivo.

O MST está contribuindo com os projetos de hortas urbanas, oferecendo treinamento e distribuição de sementes. Segundo Sosa, as sementes são trazidas do Brasil.

Porém, a queda da popularidade do governo, somada com a pressão opositora pelo referendo revogatório do mandato do presidente Nicolás Maduro, gera uma forte preocupação neste segundo semestre: a de que falte alimento no Natal, a festa mais importante do ano para os venezuelanos.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Veja outros episódios
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.