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Linha Direta

Obama falará sobre novos desafios na Assembleia da ONU

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Barack Obama chega nesta terça-feira (20) a Nova York para participar pela última vez da Assembleia Geral da ONU como presidente dos Estados Unidos. A poucas semanas da eleição para sua sucessão na Casa Branca, a tensão com a Rússia, hoje transposta no conflito sírio, e os atentados terroristas em solo americano devem ser evocados pelo líder democrata.

Começa nesta terça-feira(20) a cúpula da ONU sobre refugiados e migrantes
Começa nesta terça-feira(20) a cúpula da ONU sobre refugiados e migrantes UN Photo/Eskinder Debebe
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Correspondente da RFI em Washington

O mundo mudou bastante e não exatamente da forma que Obama pretendia quando ele foi à ONU pela primeira vez como presidente dos Estados Unidos. Em seu discurso, ele provavelmente dará sua visão dessa nova realidade, além de promover o legado que deseja deixar.

A crise dos refugiados, que é a maior já vista desde a Segunda Guerra Mundial, deve ser o ponto central do pronunciamento de Obama. Nessa segunda-feira, foi assinada por 193 nações uma declaração sem caráter vinculativo que pede que os países aceitem mais refugiados e ofereçam mais recursos para assistência humanitária. Segundo o secretário de Estado americano, John Kerry, Obama vai ser ainda mais assertivo no seu pronunciamento ao lembrar que todas as nações têm obrigação de acolher e ajudar os 65 milhões de refugiados espalhados pelo mundo.

As relações com a Rússia se deterioraram nos últimos oito anos, sobretudo após o envolvimento de Moscou na guerra da Síria. O Estado Islâmico e o terrorismo dominam as manchetes, e a Coreia do Norte continua a representar um perigo iminente. O Obama de 2009, que falava da retirada das tropas americanas do Iraque e do Afeganistão e da recuperação da economia, fazia parte de um mundo bem menos complexo do que o de hoje.

O democrata deve lembrar que teve alguns sucessos em política externa, como a retomada das relações com Cuba, o acordo de Paris para combater as mudanças climáticas e o acordo nuclear com o Irã.

Tensão com a Rússia

As relações entre os Estados Unidos e a Rússia ficaram ainda piores poucos dias antes da Assembleia Geral da ONU. O bombardeio americano, supostamente por engano, no último sábado, atingindo soldados do governo sírio deixou mais de 60 foram mortos. Dois dias depois, um comboio de caminhões que levava assistência humanitária aos civis de Aleppo sofreu um ataque aéreo do exército sírio, segundo observadores locais. Os dois incidentes aconteceram durante a vigência da trégua acordada entre Washington e Moscou.

Funcionários de alto escalão do governo americano dizem que o ataque ao comboio levanta “sérias dúvidas sobre os russos”. Eles acreditam que, de qualquer forma, a Rússia é responsável por permitir que isso tenha acontecido. Eles dizem que vão “reavaliar a possibilidade de futuras cooperações com a Rússia”.

Quanto ao ataque pelos americanos e sua coalizão, os Estados Unidos dizem que foi um problema de comunicação e que a Rússia foi avisada sobre onde eles pretendiam atacar, um local onde acreditavam que o Estado Islâmico estava presente. Porém, a Rússia só teria informado que as tropas sírias estavam lá 20 minutos depois do bombardeio.

Washington e Moscou estão em lados diferentes da guerra na Síria, com os americanos apoiando as forças rebeldes e os russos oferecendo suporte ao presidente sírio, Bashar al-Assad. Segundo o acordo entre as duas potências, se houvesse um cessar-fogo por sete dias, os Estados Unidos e a Rússia se uniriam no ataque ao Estado Islâmico e grupos relacionados a Al-Qaeda. Mas isso parece cada vez menos provável.

O relacionamento não podia estar mais salgado entre as duas nações e ninguém parece estar disposto a poupar ninguém de acusações. Logo depois do bombardeio de sábado, a Rússia pediu um encontro de emergência a portas fechadas nas Nações Unidas, uma atitude que foi duramente criticada pela embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Samantha Power. Portanto, é difícil imaginar que vá haver um encontro produtivo entre Kerry e o ministro das relações exteriores russo, Sergei Lavrov, em Nova York esta semana.

Terrorismo

Nesse último fim de semana aconteceram em solo americano atentados causados por indivíduos muçulmanos e não nascidos nos Estados Unidos. Dahir Adan, um somaliano de 20 anos, deixou 10 feridos a facadas em um shopping center em St. Cloud, Minnesota. Ahmad Rahami, um cidadão americano natural do Afeganistão, detonou explosivos em Nova York e em New Jersey.

A apenas sete semanas da eleição presidencial, a maneira como Hillary Clinton e Donald Trump lidarem com ataques terroristas pode decidir quem vai ocupar a Casa Branca.

Desde os atentados do fim de semana, Trump tem falado sem parar sobre a necessidade de vigiar e investigar mais abertamente estrangeiros que se encaixem em um certo perfil, ou seja, muçulmanos. Ele também mostrou a costumeira falta de dignidade ao se gabar que já tinha anunciado que os atentados do fim de semana eram atos terroristas antes mesmo de os noticiários divulgarem a versão oficial.

Os dois candidatos aproveitam para acusar um ao outro de ser o responsável por ataques terroristas. Hillary disse que a campanha de Trump tinha ajudado o Estado Islâmico ao enviar mensagens preconceituosas contra muçulmanos em geral. Trump acusou Hillary de ter praticamente criado e fortalecido o grupo terrorista.

A maioria dos americanos, independentemente da preferência partidária, acha que o governo não está fazendo o suficiente para combater o terrorismo. Mas os eleitores estão divididos entre os dois candidatos à Casa Branca. Uma pesquisa recente indica que 51% dos eleitores confia mais nos republicanos para lidar com terrorismo, o que favorece Trump. Mas a mesma pesquisa indica que mais eleitores acreditam que Hillary está melhor preparada para desempenhar as responsabilidades da presidência.

Os dois candidatos têm planos de aproveitar a Assembleia Geral da ONU esta semana para tentar se mostrar "presidenciáveis" em um contexto internacional. Trump e Hillary planejam se reunir com o presidente do Egito, Abdel Fattah el-Sisi. Hillary também se encontrará com o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, e com o presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko.

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